Representantes de Uruguai, Paraguai, Brasil e Argentina realizaram nesta segunda-feira (11) uma reunião em Montevidéu sobre a passagem da Presidência do Mercosul do Uruguai para a Venezuela, cerne de uma crise política dentro do bloco nas últimas semanas. Eles anunciaram que a decisão será tomada nos próximos dias, após mais conversas entre eles e os governos de cada país, afirmou Rodolfo Nin Novoa, chanceler uruguaio, em declaração à imprensa nesta tarde.
“Estamos para passar a Presidência Pro Tempore do Mercosul [para a Venezuela] e sobre isso se criou uma grande polêmica que estamos discutindo, analisando e tratando com os maiores respeito e profundidade”, declarou Novoa. Ele afirmou que se reuniu com a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, na capital uruguaia nesta manhã, quando lhe passou as “nuances” da discussão com os representantes de Argentina, Brasil e Paraguai, que se opõem à passagem da Presidência do bloco à Venezuela.
“Cada um dos países está mantendo sua posição e, consequentemente, nos demos um prazo até a próxima quinta-feira para que se façam as consultas necessárias entre todos os países”, disse o chanceler uruguaio, que reiterou a posição de seu país, que defende a passagem da Presidência do Mercosul à Venezuela, como determinam as regras do bloco. “Vi nesta reunião um ânimo de colaboração no sentido de solucionar este tema”, afirmou, de maneira a satisfazer “todas as partes”, “porque o consenso, como sabem, é a norma pela qual se adotam decisões neste organismo político, econômico e comercial”.
Delcy Rodríguez, que não participou da declaração à imprensa em que estavam presentes os representantes dos outros países do bloco, rechaçou nesta quinta-feira (11/07) o que classificou como uma tentativa “da direita antidemocrática do Mercosul de dificultar a entrega da Presidência Pro Tempore à Venezuela”.
Para a chanceler venezuelana, os representantes de Brasil e Paraguai “fingem desconhecer as normas” do bloco. “Sabemos que um ex-funcionário do Plano Condor lidera esta ofensiva contra o país dentro do Mercosul, mas ratificamos o direito da Venezuela conforme os tratados constitutivos”, disse Rodríguez em referência a Eladio Loizaga, chanceler do Paraguai, principal opositor ao país dentro do bloco.
Rodríguez reiterou que a passagem da Presidência do bloco acontece a cada seis meses em ordem alfabética dos nomes dos países e que esta regra não está sujeita a condições. “Qualquer coisa distinta nos colocaria em violação dos tratados constitutivos do Mercosul”, afirmou.
A chanceler venezuelana disse à imprensa que Loizaga e Marcos Galvão, vice-chanceler do Brasil, não quiseram se reunir com ela. Segundo Rodríguez, os dois "se esconderam no banheiro" e "não quiseram mostrar a cara à Venezuela". "Foi realmente uma pena", disse a chanceler.
Os venezuelanos foram integrados ao bloco em 2012, após a suspensão do Paraguai devido ao golpe que destituiu o então mandatário Fernando Lugo.
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