Cerca de 250 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que ocupavam um terreno da Estação Experimental de Zootecnia, na cidade de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, desde a manhã deste sábado (16), foram obrigadas a deixar o local sob forte ameaça policial. A área é uma das 79 indicadas para venda pelo governo Geraldo Alckmim, com o intuito de fazer caixa para o Estado.
Segundo Fred Firmiano da direção do MST em São Paulo, “a polícia chegou no local de maneira violenta e sem um mandado de reintegração de posse”. “Foi muito tenso, os policiais, sob o comando do Major Fabris, chegaram com muita truculência, com armas de alto calibre. Disseram que se não saíssemos em 15 minutos, eles iriam nos atacar”, afirma.
Somente depois da ação de intimidação da Polícia Militar, o procurador do plantão judiciário de Ribeirão Preto, Luciano Rossato, chegou ao acampamento Paulo Botelho do MST, para entregar o mandado de reintegração de posse. O procurador prometeu uma reunião com as famílias na próxima semana para avaliar o pedido de arrecadação da area. Neste momento, as famílias se organizam para deixar o local.
A polícia bloqueou todos os acessos ao terreno e segundo Firmiano, um jornalista, que tentava chegar ao local para falar com as famílias acampadas, foi detido pela Polícia Militar.
PL 328
O governo Alckmim enviou em abril deste ano à Assembleia Legislativa de São Paulo, o Projeto de Lei 328 que pede autorização para a venda de 79 imóveis públicos. Segundo o Projeto, a comercialização dos imóveis poderia diminuir a crise fiscal e a perda de arrecadação no estado. O texto do PL diz que os imóveis são “inservíveis ou de pouca utilidade para as atividades estatais no momento”.
Grande parte dos 79 terrenos abrigam institutos de pesquisa em tecnologia agrícola e pecuária. No último dia 7 de julho, o Tribunal de Justiça de São Paulo acolheu uma liminar do deputado Carlos Neder (PT), que pedia a interrupção da tramitação do projeto na Assembleia.
Segundo MST, a área deveria ser destinada à agricultura familiar e ao estímulo à produção de alimentos mais saudáveis e livres de agrotóxico. “Foi um aviso de que nós não concordamos com essa iniciativa do governo estadual”, explica Firmiano.
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