Cerca de 35 mulheres de várias organizações e movimentos do Vale do Aço e Leste de Minas Gerais participaram, no dia 2 de julho, de uma formação feminista, denominado “Mulher e Resistência”, em Ipatinga. Organizada pelo Comitê Popular em Defesa da Democracia do Vale do Aço, as atividades começaram com uma mesa de debates que possibilitou que as participantes expusessem suas experiências de vida e a opressão que cada uma sofre no seu dia a dia.
Durante o encontro, que foi a primeira experiência de formação exclusiva para mulheres realizada na região, os homens cuidaram das crianças para que as mães pudessem estar na atividade.
Patriarcado
Andreia Roseno, militante da Consulta Popular e da Federação de Trabalhadores/as na Agricultura Familiar de Minas Gerais (FETRAF-MG), assessorou o debate sobre o patriarcado. Ela explica que patriarcado é uma forma de organização da sociedade, em que homens se apropriam do trabalho, do corpo e da sexualidade das mulheres, ou seja, possuem historicamente privilégios em relação às mulheres.
“Para nós o que interessa é como explicitar e denunciar a opressão contra as mulheres e como o patriarcado funciona na sociedade capitalista, assim como também o racismo, que imprime, sobretudo, na vida das mulheres negras, um rito de opressão, demarcando desde muito cedo o papel elas exercerão na sociedade”, explica.
Identidade
A diversidade sexual também foi um dos temas abordados na formação. Fernanda Coelho, do Coletivo de Mulheres Bissexuais e Lésbicas do Vale do Aço (Coletivo Bil) falou sobre as identidades lésbica, bissexual e transexual (LBT). Segundo Fernanda, romper com a lógica heterossexual afronta diretamente o patriarcado, principalmente porque nega a ideia de que uma mulher necessita de um homem para satisfazê-la, seja do ponto de vista sexual, seja na perspectiva de concretização de seus projetos de vida.
“As identidades e vivências bissexuais, lésbicas e trans desestabilizam o patriarcado, de modo que cada identidade LBT, à sua maneira, desfaz, pouco a pouco, esta estrutura que oprime todas as mulheres”, comenta.
Sindicalismo
Feliciana Saldanha, do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) e da regional Vale do Aço da Central Única dos Trabalhadores (CUT) apresentou alguns elementos que mostram a invisibilidade e a pouca presença da mulher no movimento sindical. Embora os dados do censo indiquem um certo equilíbrio entre o número de homens e mulheres na sociedade, esse equilíbrio não é percebido na ocupação dos postos de trabalho, na remuneração e muito menos na participação da mulher no movimento sindical.
Para a sindicalista, a luta por igualdade de direitos entre os gêneros precisa ser ampliada. Após anos de intensos debates, a paridade foi consolidada pelas mulheres trabalhadoras durante o 12º Congresso da Central Única dos Trabalhadores (CONCUT). “A aprovação da paridade foi um passo importante para a construção de políticas que alterem as condições de participação política e sindical das mulheres, mas para além da conquista da paridade, se faz necessário conquistar a igualdade nos espaços de poder e de deliberação dos sindicatos, universo dominado predominantemente pelos homens”, conta Feliciana.
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