Seria o caso de se perguntar: depois do futebol o cinema? Mas é verdade, não há nenhum filme brasileiro selecionado para as competições no Festival de Locarno, na Suíça, que começará na quarta-feira (3).
Mal refeito da má surpresa, logo nos chega outra: não há também nenhum filme brasileiro na Mostra de Veneza (Itália). Estranho porque ainda em maio, o cinema brasileiro concorria em Cannes e chegou a ser um dos favoritos, com Aquarius.
Será que o clima de decepção geral na política brasileira atingiu os estúdios de cinema? Por certo, a Petrobras não vai poder contribuir como antes para a produção de filmes, mas se ainda, em fevereiro, havia filmes brasileiros na mostra Panorama, no festival de Berlim, por que não apareceu nenhum filme bom para competir em Locarno e em Veneza?
Carlo Chatrian, diretor do Festival de Locarno, tenta me explicar não ser obrigatório haver filme brasileiro todos os anos entre os selecionados. Mas continuo inconformado ao ver que o cinema português tem dois filmes na competição de longas e mais quatro na competição de curtas, num total de 13!
Ele me explica haver a participação de produtores brasileiros em coproduções com Moçambique e Argentina. E que, embora fora de concurso, Júlio Bressane estará em Locarno com seu novo filme O Beduíno, na mostra Sinais de Vida. Aém disso, me mostra haver um filme de mistura de ficção com realidade, A Destruição de Bernardet, sobre o conhecido crítico francês-belga naturalizado paulistano, Jean-Claude Bernardet, dirigido por Cláudia Pricilla e Pedro Marques.
Carlo Chatrian não sabe, mas a não seleção de filmes brasileiros foi mal recebida pela grande mídia, que decidiu ignorar o Festival de Locarno.
Rui Martins estará em Locarno de 3 a 13 de agosto como convidado do Festival Internacional de Cinema.
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