O Comitê Olímpico Internacional optou por excluir as religiões de matriz africana do centro ecumênico da Vila Olímpica, contrariando a recomendação do Ministério Público Federal. Somente cristãos, judeus, muçulmanos, budistas ou hindus terão sacerdotes de suas religiões no espaço.
Segundo Cida Abreu, ex-presidente da Fundação Palmares, ativista do movimento negro e membro do diretório nacional do PT, a decisão do COI é uma “manifestação mundial de racismo”.
“É optar por não aproveitar esse momento para valorizar a cultura de matriz africana como uma deferência a todos os crimes de racismo que acontecem no mundo”, disse à revista Brasileiros.
A ativista acredita que o país está negando sua identidade, repetindo nos Jogos Olímpicos o que aconteceu na abertura da Copa do Mundo, em 2014.
“Mais uma vez, o Brasil não consegue se apresentar. O Brasil é continental, multicultural, pluriétnico e recebemos todo mundo de braços abertos. Agora, quem foram os primeiros moradores desse país? Não foram os organizadores do COI. A intolerância se fortalece a partir dessas atitudes.”
Cida diz também que a umbanda e o candomblé devem ser compreendidos não apenas como manifestações religiosas, mas também culturais: “É um patrimônio cultural ancestral afrobrasileiro, que imprime a presença africana no Brasil”.
Para ela, os ataques constantes aos terreiros em todo o país é motivo suficiente para a representação durante os jogos.
“O país vive uma crise política, de identidade, de representação, de pertencimento, até geracional no que diz respeito a se apropriar dos bens e valores culturais brasileiros. A nossa crise não é somente política, é cultural – a cultura no seu mais amplo conceito na sociedade. [...] Em um momento em que estamos combatendo a intolerância religiosa, a religião mais vitimizada com a intolerância e o crime de racismo é a de matriz africana”, acredita.
Leia a entrevista completa no site da Brasileiros.
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