O Circo da Democracia estava lotado. A escadaria da praça Santos Andrade borbulhando de gente. A área da imprensa cheia de jornalistas.
Leveza e traquejo no picadeiro. Dilma deslizou bem, mesmo que a arte do malabarismo também exija resistência dos músculos. Não há outro caminho para ela senão seguir sem nenhum passo atrás.
Na mesma linha do palco, deu para ouvir a poeta Alice Ruiz, autora da composição “Navalha na Liga”, remeter à resistência das duas nos anos 70. Alice, feminista. Dilma foi guerrilheira. Os fantasmas do passado dão roupagem para os novos desafios do presente. E é preciso defender essa palavra democracia de forma permanente.
Num país onde as elites ao final sempre rompem o jogo democrático, a geração dessas mulheres outra vez se coloca em luta. E seguirá se colocando por décadas e décadas, nesse ciclo, até que caiam as máscaras nessa comédia de bufos e farsantes. Foi Dilma quem falou: “É típico dos golpes não querer dizer que é golpe”.
Na parte de fora da tenda circense, frio, chuva, os bravos que assistiram a tudo de fora. Ao final, amigos se reencontrando, recebo um abraço de Ana, de treze anos. Ela que vibrou com a fala de Dilma. Não, a luta não para.
Lutas e poemas e resistências não perdem o movimento. Que fique registrado, dos nossos filhos aos avós, das sementes até as raízes: novamente nós dissemos não ao golpe e percebemos que a democracia plena é a festa que queremos.
*Pedro Carrano, do jornal Brasil de Fato e da Frente Brasil Popular.
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