Carta ao povo

Em artigo, Fidel Castro agradece o carinho recebido em seu aniversário de 90 anos

Líder cubano criticou o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pelas declarações durante visita ao Japão

Granma (Cuba) |
"Desejo expressar a mais profunda gratidão pela mostras de respeito, saudações os e presentes que tenho recebido", expressou Fidel
"Desejo expressar a mais profunda gratidão pela mostras de respeito, saudações os e presentes que tenho recebido", expressou Fidel - Wikimedia Commons

Amanhã completarei 90 anos. Nasci num território chamado Birán, na região oriental de Cuba. A cidade é conhecida por esse nome, ainda que nunca tenha aparecido no mapa. Pelo bom comportamento fui conhecido pelo amigos próximos e, claro, por uma praça de representantes políticos e inspetores que estavam próximos de qualquer atividade comercial ou produtiva próprias dos países neo-colonizados do mundo.

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Numa ocasião acompanhei meu pai a Pinares de Mauari. Eu tinha oito ou nove anos. Como gostava de conversar quando saia da casa em Birán! Lá era o dono das terras onde se plantava cana, grama e outros cultivos da agricultura. Mas nos Pinares de Mayarí não era o dono, senão arrendatário, como muitos espanhóis que foram donos do continente graças aos direitos concedidos pela Bula Papal, que não conhecia a existência de nenhum dos povos e seres humanos deste continente. Os conhecimentos transmitidos eram, em grande parte, tesouro da humanidade.

A altura se eleva até os 500 metros aproximadamente, de morros inclinados, pedregosos, onde a vegetação é escassa e, às vezes hostil. Árvores e rochas bloqueiam o trânsito; repentinamente, numa altura determinada, se inicia uma planície extensa, que calculo, se extende aproximadamente por 200 quilômetros quadrados, com ricas reservas de níquel, cromo, magnésio e outros minerais de grande valor econômico. Daquela planície extraiam-se diariamente dezenas de caminhões de pinho de grande tamanho e qualidade.

Se observa que não mencionei o ouro, a platina, os diamantes, o cobre, o estanho e outros que paralelamente tem se convertido em símbolo dos valores econômicos que a sociedade humana, na sua etapa atual de desenvolvimento, requer.

Poucos anos antes do triunfo da Revolução, meu pai morreu. Antes, sofreu bastante.

Dos seus três filhos varões, o segundo e o terceiro estavam ausentes e distantes. Nas atividades revolucionárias um e o outro cumpriam seu dever. Eu tinha dito que sabia quem poderia me substituir, caso o adversário tivesse êxito nos seus planos de eliminação. Eu quase ri com os planos maquiavélicos dos presidentes dos Estados Unidos.

No 27 de janeiro de 1953, após o grotesco golpe de Batista em 1952, se escreveu uma página da história da nossa Revolução: os estudantes universitários e organizações de jovens, junto ao povo, realizaram a primeira Marcha das Tochas para comemorar o centenário do natalício de José Martí.

Já havia chegado à convicção de que nenhuma organização estava preparada para a luta que estávamos organizado. Existia um desconcerto total, desde o partidos políticos que mobilizavam massas de cidadão, a esquerda, à direita e ao centro, chateados pelas chantagem política que reinava no país.

Aos 6 anos uma professora cheia de ambições, que dava aulas numa escolinha pública de Birán, convenceu minha família que eu tinha que viajar à Santiago de Cuba para acompanhar minha irmã mais velha, que ingressaria numa escola de freira com bom prestígio. Me incluir foi uma habilidade da mestre da escolinha de Birán. Ela era esplendidamente bem tratada na casa de Birán, onde comia na mesma mesa que a família e acabou convencendo-os da necessidade da minha presença. Definitivamente, tinha melhor saúde do que meu irmão Ramón - quem faleceu no mês recente-, e por muito tempo foi companheiro da escola. Não quero ser extenso, só que dizer que foram anos muito duros daquela etapa de fome para maioria da população.

Enviaram-me, depois de três anos, ao Colégio La Salle de Santiago de Cuba, onde me matricularam no primeiro grau. Passaram quase três anos sem que jamais me levassem ao cinema.

Assim começou minha vida. Pode ser que eu escreva sobre isso, se tiver algum tempo. Me desculpem por não ter feito até então, só tenho ideias do que pode e deve ser ensinado às crianças. Considero que a falta de educação é o maior dano que podemos lhes causar.

A espécie humana enfrenta hoje o maior risco da sua história. Os especialistas nestes temas são os que mais podem fazer pelos habitantes desse planeta, cujo número elevou-se, do bilhão de 1800, aos sete bilhões e tantos em 2016. Quantos habitantes terão o nosso planeta dentro de uns anos a mais?

Os cientificas mais brilhantes, que já somam vários milhares, são aqueles que podem responder esta pergunta e outras de grande transcendência.

Desejo expressar a mais profunda gratidão pelas mostras de respeito, saudações pelos presentes que tenho recebido, que me dão forças para replicar através de ideias que transmitirei aos militantes do nosso Partido e aos organismos pertinentes.  

Os meios técnicos modernos tem me permitido escrutinar o universo. Grandes potências como China e Rússia não podem ser submetidas às ameaças de armas nucleares. São povos de grande valor e inteligência. Considero que lhe faltou grandeza no discurso do Presidente dos Estados Unidos quando visitou o Japão e lhe faltaram palavras para pedir desculpas pelas matanças nos centos de milhares de pessoas em Hiroshima e os efeitos da bomba. Foi igualmente criminal o ataque a Nagasaki, cidade que os donos da vida escolheram a dedo. É por isso devemos partilhar a necessidade de preservar e que nenhuma potência tem o direito de matar milhões de seres humanos.

Fidel Castro Ruz
Agosto 12 de 2016
10:34 p.m.   

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