Ronair José de Lima, liderança do acampamento Novo Oeste, na cidade de São Félix do Xingu, no Pará, foi assassinado no dia 4 deste mês. Para entidades ligadas a trabalhadores rurais e direitos humanos, o caso tem relação com conflitos fundiários na região. "Seis trabalhadores foram executados nos últimos seis anos, além de outros crimes como ameaças e ataques", afirmou hoje (18), para a Rádio Brasil Atual, Andreia Silvério, advogada da Comissão Pastoral da Terra do município de Marabá que acompanha o caso.
"O Pará tem registrado muitas mortes, especialmente de trabalhadores rurais envolvidos em algum tipo de conflito pela terra. Ronair atuava há quatro anos. Desde que começou seus trabalhos, sofreu ameaças. Em fevereiro, ele foi baleado em uma emboscada junto com a mulher e sua filha de 14 anos", disse Andreia. O local é uma terra pública que compõe o Complexo Divino Pai Eterno, entretanto, fazendeiros reivindicam a posse. O atrito já se arrasta por mais de dez anos.
Em 2015, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ingressou com uma ação em favor dos trabalhadores, contra os fazendeiros. Entretanto, Andreia classifica a ação como tardia. "Houve uma grande lentidão do Incra", disse. Mesmo com resultado positivo em primeira instância, os posseiros subiram de instância para tentar a reversão. "Com o recurso, o Tribunal Regional Federal suspendeu a decisão do juiz. No momento, existe o impasse jurídico", explica.
A área é atualmente ocupada por 150 famílias que, de acordo com a magistratura de Redenção, que cuidou do caso em primeira instância, os trabalhadores possuem o direito de posse e cumprem a função social da área, produzindo e morando no local. Por sua vez, os fazendeiros seguem atuando, tanto no Judiciário, quanto na violência. "Alguns pistoleiros chegaram a ser presos, mas mesmo que eles saiam, outros entram em cena a mando dos fazendeiros. Eles contratam, dão armas, condições e suporte aos criminosos", diz Andreia.
Ouça:
Edição: ---