Opinião

Artigo: Nenhum direito a menos, nem ilusões

É hora de construir novas alternativas

Belo Horizonte |
André:  a luta institucional descolada do movimento social real foi um grave erro, assim como aceitar a normalização golpista acumulando para 2018 pode ser mais uma ilusão
André: a luta institucional descolada do movimento social real foi um grave erro, assim como aceitar a normalização golpista acumulando para 2018 pode ser mais uma ilusão - Lidyane Ponciano

A esquerda e o povo brasileiro vêm sofrendo sua pior derrota desde o golpe de 1964. A aliança entre setores empresariais abastados, setores de governos internacionais, um Congresso conservador e parte do judiciário, Ministério Público e Polícia Federal, além da grande mídia querem impor aos trabalhadores e ao povo pobre, retrocessos nos direitos duramente conquistados inclusive anteriores à Constituição de 1988. 
Assim, inicia-se no próximo dia 25 de agosto, com término para início de setembro, provavelmente a consolidação da farsa do impedimento definitivo de Dilma no Senado. Com a ampla coalizão conservadora e as dificuldades da esquerda em soldar alternativas concretas de saída para o impasse histórico, causando perda de potencial na luta Fora Temer, não devem existir novas ilusões com a possibilidades do retorno da nossa presidenta.
A mensagem da presidenta Dilma Rousseff ao Senado Federal e principalmente ao povo brasileiro no último 16 de agosto, aponta caminhos do ponto de vista democrático de saídas como o Plebiscito e uma Constituinte sobre a reforma politica e eleitoral. Nas palavras dela: “Reafirmo meu compromisso com o respeito integral a Constituição cidadã de 1988, com destaque aos direitos e garantias individuais e coletivos que nela estão estabelecidos. Nosso lema persistirá sendo “nenhum direito a menos’’.
Dilma também definiu ir a sessão do Senado enfrentando os golpistas de frente e dizendo que não cometeu nenhum crime de responsabilidade, portanto o impedimento é golpe de Estado.
Por outro lado, a Frente Brasil Popular, a Povo sem Medo, as centrais sindicais e movimentos populares se articulam para dar continuidade a denuncia do golpe e a resistência contra a retirada de direitos. As organizações realizarão ato político com Dilma em São Paulo, Dia Nacional de Luta contra o golpe no dia 29 de agosto e acampamento em Brasília.
A característica do golpe não poderia ser mais cínica. Eduardo Cunha sendo “julgado’’ pelo Congresso só após a saída definitiva de Dilma e as delações da Odebrecht sendo analisadas por Moro só após as eleições, pois comprometeria o conjunto do governo corrupto.
O momento é de realizarmos tudo ao mesmo tempo agora: balanço e construção de alternativas, persistir e não deixar o governo ilegítimo consolidar suas posições, construir a mais ampla unidade da esquerda e setores democráticos e populares. Nenhuma conciliação com o governo golpista e demarcação clara nas eleições municipais. A luta institucional descolada do movimento social real foi um grave erro, assim como aceitar a normalização golpista acumulando para 2018 pode ser mais uma ilusão.
Fora Temer! Nenhum direito a menos! Que o povo decida.

*André Xavier é da Executiva Estadual do PT MG. 

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