Um artigo publicado no jornal argentino Página/12 nesta segunda-feira (29/08) afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o “verdadeiro alvo” do processo de impeachment de Dilma Rousseff, qualificado como um “golpe”.
De acordo com o texto, assinado pelo escritor brasileiro Eric Nepomuceno, se o impeachment de Dilma se confirmar, terá se consolidado um “golpe institucional”, aberto pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que seria especialista na “corrupção mais deslavada”.
“Cunha, a propósito, segue livre: será julgado por seus pares quando a farsa tiver terminado”, diz o artigo.
Na semana passada, lembra Nepomuceno, a Polícia Federal anunciou que o ex-presidente Lula e sua esposa, Marisa Leticia, foram indiciados no âmbito da Operação Lava Jato. O autor então apresenta os argumentos da defesa do ex-mandatário, o qual não seria dono do imóvel.
“Nada disso importa”, diz Nepomuceno. “Agora caberá à Justiça decidir se transforma a Lula e a dona Marisa Letícia em réus. O estrago político, no entanto, está feito”.
O texto afirma também que os meios de comunicação foram “pilares essenciais do golpe” na medida em que teriam dado destaque apenas para os informes da Polícia Federal sobre o caso do imóvel que citavam apenas o presidente Lula.
Na publicação, Nepomuceno comenta a sessão de julgamento de Dilma no Senado, “onde é essencial preservar as aparências, insinuando que tudo transcorre dentro dos preceitos constitucionais e democráticos”.
De acordo com o artigo, a mandatária brasileira apresentou argumentos “sólidos” sobre sua inocência sobre os supostos crimes de responsabilidade, mas para o senadores sobrariam razões para "livrar-se" de Dilma.
A pressa de muitos senadores durante a sessão, para Nepomuceno, tem “razões claras”: o surgimento de “indícios” que podem comprometer o presidente interino, Michel Temer, “e as principais estrelas de sua constelação”.
Segundo o artigo, “liquidado o mandato de Dilma Rousseff, se abre a temporada para que se alcance o verdadeiro objetivo do golpe: eliminar a Lula do cenário político brasileiro e assegurar às oligarquias de sempre a reconquista do poder”.
O autor critica também o que chama de “passividade bovina das instâncias superiores da Justiça” no caso e o papel dos meios de comunicação, especialmente das Organizações Globo, responsáveis por “anestesiar” a opinião pública.
“A história saberá julgar os farsantes, os traidores, os indecentes. Mas será muito tarde para corrigir suas maldades”, conclui.
Edição: ---