Corrupção

Senadores do PMDB teriam recebido propina de Belo Monte

Entre as evidências estão as contribuições que o partido recebeu das empresas que construíram a hidrelétrica

São Paulo (SP) |
Da esquerda para a direita, os senadores Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá e Valdir Raupp
Da esquerda para a direita, os senadores Renan Calheiros, Jader Barbalho, Romero Jucá e Valdir Raupp - Diego Vara, Waldemir Barreto, Jefferson Rudy e Ana Volpe / Agência RBS e Agência Senado / Agência RBS e Agência Senado

A Polícia Federal afirma em relatório que quatro senadores do PMDB e o próprio partido receberam propina das empresas que participaram da obra da Usina de Belo Monte, no Pará, por meio de doações legais. Nas eleições de 2010, 2012 e 2014, a sigla recebeu R$ 159,2 milhões, de acordo com o documento. 

Segundo os delatores, a propina foi uma recompensa pelo partido ter indicado Edison Lobão como ministro de Minas e Energia. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Uma das evidências registradas no relatório que integra o inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) é o número de contribuições que o partido recebeu das empresas que integram o consórcio que construiu a hidrelétrica.

Os valores foram repassados para o diretório nacional, para os diretórios estaduais e para os comitês financeiros do partido.

O ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, contou que o consórcio que fez a obra da usina teve de pagar suborno de 1% sobre o valor do contrato de R$ 13,4 bilhões.

No relatório da PF também consta o depoimento de outro delator, o ex-senador Delcídio do Amaral, que afirmou que o atual presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e os senadores Jader Barbalho (PA), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO) comandavam esquemas de desvios de empresas do setor elétrico. Os quatro receberam doações a suas campanhas do PMDB, e não diretamente das companhias.

A conclusão do documento, segundo a Folha, é que os quatro receberam as maiores contribuições de suas campanhas do PMDB, não das empresas. No caso de Calheiros, a PF afirma que as contribuições vindas do partido equivalem a 97,3% do total arrecadado na eleição de 2010.

Os seis maiores doadores de Calheiros contribuíram com R$ 5,4 milhões. Desse total, R$ 3,4 milhões vieram do diretório estadual do partido e R$ 1,84 milhão do comitê financeiro peemedebista do candidato.

O diretório estadual do PMDB de Alagoas recebeu R$ 1,4 milhão da OAS, da Galvão Engenharia e da Camargo Corrêa, que participaram do consórcio que construiu Belo Monte. A suspeita da polícia é que as empresas estavam pagando suborno com a contribuição oficial.

O PMDB e os senadores citados na reportagem negaram ter recebido suborno através de doações oficiais.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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