Militantes de pastorais sociais, ativistas, políticos e cidadãos, reuniram-se nesta quarta-feira (7), feriado da Independência, na praça da Sé, centro da capital paulista, para a celebração da 22ª edição do Grito dos Excluídos da diocese de São Paulo, que este ano tem como tema "Vida em primeiro lugar - este sistema é insuportável: exclui, degrada, mata!", a marca do evento são as manifestações contra o golpe e pelo "Fora, Temer".
Falando do caminhão de som, em tom emocionado, a deputada Luiza Erundina – candidata a prefeita de São Paulo (Psol) – fez breve reflexão sobre a exclusão social provocada pela exploração dos trabalhadores e por distorções das políticas econômicas, que têm aumentado a população de rua.
Coordenador do Grito, Paulo Pedrini, da Pastoral Operária, disse, porém, que o ato Mas a força é o povo na rua, e agora a necessidade de o povo se organizar é muito maior", disse.
Com uma faixa "Fora, Temer", a professora aposentada da rede municipal de São Paulo Sônia Sampaio vê no grito uma oportunidade para esclarecer a população sobre as ameaças aos direitos que a chegada de Michel Temer à Presidência da República, pela via indireta, representam. A população, segundo ela, não tem noção do que está acontecendo, da ameaça de projetos como o PL 257 e a PEC 241. " A opção é pelos banqueiros. E a desinformação é a estratégia".
Após os breves discursos de abertura, os manifestantes seguiram em marcha até a Baixada do Glicério, também na região central de São Paulo.
Com a filha Mariah, de um ano e três meses no colo, a nutricionista Ana Cristina Zelotti foi ao Grito dos Excluídos somar forças ao movimento contra a exclusão social, que tende a aumentar com as políticas já sinalizadas pelo governo de Michel Temer. "O Grito ganha importância num momento como esse", disse. Seu companheiro, o técnico em contabilidade João Sérgio da Silva, destaca que a temática do Grito articula-se com a necessidade de maior participação social. "Precisamos somar forças, porque sabemos que essa instabilidade política tem objetivos econômicos que não favorecem os trabalhadores e os mais pobres".
Para o casal, que participa de comunidade católica na vila Brasilândia, zona norte da cidade, o ato traz uma ponta de esperança, "um grito contra esse momento triste, sem respeito pela vida, pela juventude, pelos mais pobres, com ameaça de retirada de direitos."
Integrante da organização Terra Livre e Luta por Moradia, Vivian Santana Moura também foi ao Grito unir forças. "Temos de gritar em defesa da educação, da saúde, de moradia, que são direitos conquistados com muita luta. E agora um governo ilegítimo quer retirar".
Reforma já
Candidato a vice de Luiza Erundina, o deputado federal Ivan Valente (Psol) disse esperar que a resistência aos ataques contra a democracia se intensifiquem daqui em diante, já que a mobilização até aqui, na sua avaliação, é insuficiente para reverter o golpe que destituiu a presidenta eleita, Dilma Rousseff, desrespeitando o voto de 54 milhões de brasileiros. "O movimento espontâneo da sociedade desorganizada deveria ser maior por causa das reformas estruturais em andamento, em que o povo vai pagar a conta, com o achatamento dos investimentos do governo e a flexibilização de direitos. Espero que esse descontentamento aflore em toda a sociedade e consigamos nos erguer contra esse pacote de maldades", disse, referindo-se à parcela da população não engajada em entidades da sociedade civil.
À reportagem da RBA sobre a possibilidade de manobras que coloquem em risco a democracia a ponto de voltarem as eleições indiretas, Valente disse que as eleições podem até continuar, "mas são eleições podres, com o poder cada vez mais concentrado. Precisamos de reforma de fundo, que permita maior empoderamento ao povo, com mais representatividade, mais participação, referendos, plebiscitos e maior participação popular nas grandes decisões, o que não se consegue com esse sistema partidário podre".
De coadjuvante no ato em frente às escadarias da Sé, o "Fora, Temer" ganhou papel principal na caminhada até a igreja da Paz, no Glicério, onde o Grito dos Excluídos foi encerrado.
A passeata foi seguida por seis viaturas da Força Tática mais cinco motocicletas da PM – que não intervieram na marcha – e reuniu pessoas de todas as idades, levando faixas contra o governo de Michel Temer.
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