Na manhã do último domingo (11), duas crianças indígenas da etnia Tenetehar/Guajajara da Aldeia Pedra foram vitimas das queimadas que há semanas consome a Terra Indígena (TI) Bacurizinho, localizado no município de Grajaú, no Maranhão. O terreno, que abrange 78 aldeias, sofre há anos com as ameaças de incêndios.
Segundo informações do site do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), M.G Tenetehar/Guajajara, 6, faleceu em decorrência das queimaduras sofridas, e N.S Tenetehar/Guajajara, 11, encontra-se internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Rafael, em Imperatriz (MA).
Ainda de acordo com o site, ambos estavam caçando no interior da mata quando foram surpreendidos pelas chamas que rapidamente o cercaram.
Gilderlan Rodrigues da Silva, do Cimi Regional Maranhão informa que, após a morte da criança, a PrevFogo (Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais, ligado ao Ibama) da Bacurizinho será reativada.
"Todos os anos a gente vem denunciando os incêndios que são provocados na terra indígena, e todos os anos a gente vem cobrando da coordenação da Funai [Fundação Nacional do Índio] para fazer um plano de vigilância, de prevenção", afirma Silva.
Silva conta ainda que as queimadas põem em risco a segurança alimentar dos povos tradicionais da TI Barurizinho. "Muitos indígenas ainda sobrevivem da caça e com as constantes queimadas essa caça deixa de existir assim como também a perda das roças. A consequência do fogo é a insegurança alimentar porque muitos acabam passando necessidades".
A liderança indígena da TI Bacurizinho da etnia Guajajara, José Arão M. Lopes, conta que as queimadas têm sido provocadas para facilitar o acesso de madeireiros.
"Todas as terras indígenas do Maranhão estão sendo invadidas por madeireiros, caçadores e pessoas foragidas da Justiça. Ultimamente, tem se intensificado nas terras indígenas as queimadas atos criminosos que têm o objetivo de simplesmente facilitar o acesso dos madeireiros e dos caçadores [ao território]", afirma Lopes.
O Brasil de Fato tentou contato com a Funai até o fechamento da matéria, mas não obteve retorno.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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