Na Cidades das Mangueiras, em Belém, cerca de 2 mil pessoas entre militantes, professores, bancários, trabalhadores dos correios, servidores estaduais, docentes da universidade federal e estudantes, participaram do Ato Nacional de Paralisação para protestar contra as medidas que a gestão do governo não eleito de Michel Temer (PMDB) vem anunciando.
“Depois do golpe consumado, uma série de projetos de leis que retiram direitos dos trabalhadores e trabalhadoras estão sendo avançados na pauta do congresso com nítida defesa do governo ilegítimo do Temer”, explica Adima Monteiro, coordenadora da Consulta Popular, entidade integrante da Frente Brasil Popular. Projetos como a terceirização, a PEC 241, a Proposta de Lei Complementar (PLP) 257 e a reforma da Previdência, foram as principais pautas reivindicativas do ato.
O ato foi organizado pela Frente Brasil Popular, que reúne diversas organizações e articulações como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o Levante Popular da Juventude, a UBES (União dos Estudantes Secundaristas), MAB-PA, (Movimento dos Atingidos por Barragens, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST-PA), entre outras.
Reivindicações
O clamor por novas eleições também estava presente durante a caminhada, como lembra Ulisses Manaças, da Direção Nacional do MST-PA. “O Movimento Sem Terra do Estado do Pará participa com as centrais sindicais, com as organizações populares e movimentos populares dessa luta contra o golpe instituído no país e, ao mesmo tempo, para derrubar o governo golpista do Michel Temer, juntos num grande movimento pelas eleições gerais no país”, disse.
Para Mariane Nunes, 15 anos, estudante e presidente do grêmio estudantil da Escola Estadual Dom Pedro I, Michel Temer quer retirar o pensamento crítico do aluno. “[Ele quer] privatizar o ensino médio, fazendo com que a gente pague e ainda tirando algumas disciplinas, como a filosofia, sociologia, história e geografia”, afirma.
A caminhada partiu do Mercado de São Brás e percorreu as Avenidas Magalhães Barata e Nazaré, duas das principais vias de Belém, em direção a Avenida Presidente Vargas. Ao longo do percurso, carros da Rotam, da Polícia Militar, acompanhavam a mobilização de longe. Os manifestantes pararam em frente de instituições que representam o poder econômico e midiático, com falas de repúdio a essas organizações empresarias.
Criminalização
Além das pautas de caráter nacional, a passeata também destacou reivindicações locais, como é o caso dos professores estaduais, que ainda não tiveram seus pisos salariais de 2016 pagos pelo governo de Simão Jatene. Os salários estão atrasados a oito meses, em descumprimento com a Lei do Piso Salarial Nacional do Magistério.
“Para nós, é importante que os trabalhadores em educação e os estudantes participem desse ato. Estão nas ruas denunciando primeiro a questão do não cumprimento de uma Lei Federal, que é o pagamento do piso nacional, estabelecida e reafirmada pelo Supremo desde 2011”, destaca Mateus Ferreira, coordenador geral do Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará).
Além do não pagamento o governo vem criminalizando dirigentes do Sintepp. “Somos 7 professores que participaram do movimento grevista de 2015, dos 7, 6 são dirigentes do Sintepp”, lembra Mateus. Eles respondem criminalmente junto a justiça por cinco crimes: depredação do patrimônio público, formação de quadrilha, cárcere privado, perturbação do sossego alheio e desobediência judicial. “Estamos tranquilos, porque quem acusa precisa provar”, pontua o coordenador.
Edição: José Eduardo Bernardes.
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