Atos, marchas, debates e atividades culturais ocorreram em municípios do interior e na capital paranaense nesta quita-feira (22), como parte do Dia Nacional de Paralisação contra a retirada de direitos que vem sendo imposta pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB).
As ações foram realizadas em todo o Brasil, mobilizadas por centrais sindicais e movimentos populares ligados às Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Sob o lema "Nenhum Direito a Menos", as mobilizações são um "esquenta" para a construção de uma greve geral no país. Entre as principais bandeiras está a denúncia das medidas anunciadas por Michel Temer em relação à reforma trabalhista e previdenciária, as propostas de congelamento no investimento público e o pacote de privatizações.
Em Curitiba, um ato unificado reuniu cerca de 3 mil pessoas, com concentração na Praça Santos Andrade e marcha pela Avenida Marechal Deodoro até a Boca Maldita, onde foram realizadas apresentações culturais. Além da participação das Frentes, a ação foi articulada pelo grupo CWB Contra Temer e Advogados pela Democracia.
Para uma das participantes do ato, Marina Felisberto, servidora pública e integrante da juventude da Frente Brasil Popular, os jovens serão os mais prejudicados pelas medidas do governo golpista. "Seremos os mais afetados pela reforma da previdência, pela reforma trabalhista e pela PEC 241, que impossibilita concurso público durante 20 anos e acaba com as verbas para saúde e educação".
Luiz Belmiro, professor de sociologia e integrante da articulação CWB Contra Temer, frisa a importância de ir às ruas, mas reforça a necessidade de dialogar com a sociedade sobre o cenário de retrocesso e conservadorismo em curso no Brasil. “É importante agregar pela greve geral e também em outras movimentações, como para discutir sobre um plebiscito por eleições gerais”, opina.
Essa data também inicia um calendário de lutas que continua no dia 29 de setembro, com paralisação nacional dos metalúrgicos. Já no dia 5 de outubro é a vez dos servidores públicos se mobilizarem contra a PEC 241, que congela gastos no serviço público por 20 anos. No último fim de semana, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, chegou a afirmar que ela é "imprescindível" para ajustar as contas do país. No entanto, especialistas e oposição do atual governo apresentam argumentos técnicos que mostram que as medidas conduzem a um engessamento do Estado.
Bancos públicos
Organizações estudantis e sindicais reuniram-se em frente a uma unidade da Caixa Econômica Federal, localizada no Centro de Curitiba, pela manhã, defendendo a manutenção da Caixa como banco público. A OAB, que foi criticada durante o ato, entrou com liminar contra a greve dos bancários, que entra nesta sexta-feira no 18º dia. Em todo país, são 13.071 agências bancárias fechadas e 48 centros administrativos.
“Há 55 medidas correndo pelo Congresso retiram direitos dos trabalhadores. Não podemos deixar. A Caixa Econômica é um banco social, gestor de programas sociais, que está sofrendo ataques do governo golpista. Se é público é para todos", afirma Antonio Fermino, secretário geral do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região.
Ações no Paraná
Além mobilizações em Curitiba, diferentes atividades ocorreram em Araucária, Maringá, Toledo, Cascavel e Marechal Cândido Rondon. As escolas da rede estadual de ensino paralisaram as aulas em diversos municípios durante 30 minutos, mobilizados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do paraná (APP-Sindicato).
Petroleiros, petroquímicos, próprios e terceirizados, e trabalhadores da montagem e manutenção industrial realizaram um protesto por volta das 7h e seguiram mobilizados no entorno da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no município de Araucária.
Para além das reivindicações unitárias do Dia Nacional de Paralisação, estavam entre os motes as lutas contra as reformas da previdência e trabalhista; contra os desmontes da Petrobrás, do SUS e da educação; eleições diretas, com plebiscito para a Constituinte.
Aproximadamente duas mil pessoas participaram da mobilização realizada em Cascavel, no Oeste do estado. Houve um ato unificado em frente à prefeitura, seguido de uma caminhada até a Praça do Migrante, na área central da cidade. A manifestação foi coordenada por sindicatos do funcionalismo municipal e estadual.
Ato em Cascavel (Foto: Gutto Wendler)
Servidores públicos de Marechal Cândido Rondon, região Oeste, também paralisaram atividades. Na parte da manhã, professores da rede estadual de ensino, agentes educacionais, além de professores e técnicos da UNIOESTE, realizaram a aula pública Ajuste Fiscal e Dívida Pública: conexões necessárias ao entendimento da PEC 241.
"Para quem não consegue entender os impactos futuros da PEC 241, olhe para o passado. Nos anos 80 era comum ouvir falar em Desnutrição Infantil, que é um nome bonito para crianças que passam fome", afirmou a professora de História, Aparecida Darc de Souza. De acordo com ela, o modelo da PEC é a mesma receita que "levou a Grécia para o fundo do poço".
Setores em greve
Outra categoria de trabalhadores do sistema financeiro em negociação salarial é a dos financiários, que entraram nesta sexta-feira (23) no 10º dia de greve. Em relação aos trabalhadores da Usina do Xisto, localizada em São Mateus do Sul, estão em greve desde o dia 1º de setembro.
Desde os anos 2000, o número de greves no país se mantém alto. De 2013 para cá, o movimento sindical manteve o número de greves no país em cerca de 2 mil por ano. No contexto de demissões, aumenta, de acordo com o Dieese, o número de greves por manutenções de emprego. Aumenta também no serviço público, afetado pelas políticas de ajuste de anos recentes.
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