Território

No período eleitoral, Casarão da Várzea tem projeto que não contempla a comunidade

OPORTUNISMO. A proposta da prefeitura para o espaço exclui o debate já feito pelo Movimento

Recife (PE) |
Abandonado pelo poder público e ocupado pela comunidade, Casarão está sendo alvo de candidatos oportunistas.
Abandonado pelo poder público e ocupado pela comunidade, Casarão está sendo alvo de candidatos oportunistas. - Rosa Amorim

Em nota pública divulgada no último dia 19, o Movimento Salve o Casarão da Várzea denuncia a conduta que classifica como "oportunista" do candidato a vereador Davi Muniz (PEN) e do candidato a prefeito Geraldo Julio (PSB) em se aproveitar do Casarão da Várzea no período eleitoral. Há 13 dias do primeiro turno das eleições municipais, funcionários da Prefeitura foram ao local do Casarão com um projeto de um mercado, que exclui o debate já feito pela comunidade sobre o uso e a ocupação do imóvel, já há até placa sinalizando a futura obra.

Segundo moradores, semanas atrás, Davi Muniz, já havia divulgado a construção de um Mercado no bairro. Na proposta da prefeitura o local seria batizado com o nome do pai do candidato, Rinalldo Bernardo Muniz. A nota classifica como prática coronelista essa atitude.

Juridicamente, já foram feitos 3 pedidos de informação pelo movimento para a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano, no Departamento e Preservação do Patrimônio Cultural e no Gabinete Especial. Segundo Clarissa Nunes, do setor jurídico do movimento, "o Gabinete Especial nunca respondeu aos pedidos de informação. Uma funcionária informou que o projeto de licitação já tinha sido encaminhado para a Secretaria de Mobilidade. Fizemos o pedido de informação na Secretaria de Mobilidade e eles informaram que visitaram o bairro e que projeto realocação dos moradores foi elaborado, mas não foi implementado por falta de recursos. Por isso, os comerciantes continuam no mesmo local.". A partir de agora o setor jurídico vai analisar o processo de licitação, porque já há denúncia de irregularidades na ausência de pareceres que seriam obrigatórios. " A dificuldade é termos acesso ao processo completo já que a prefeitura não facilita esse acesso", conclui Clarissa.

Formado desde janeiro deste ano, o movimento “Salve o Casarão da Várzea” promove reuniões e atividades periódicas como o objetivo de ocupar culturalmente o espaço do Casarão, que estava abandonado desde 2013. O movimento chama atenção para necessidade de revitalização do prédio com um espaço que abrigue comercialização e atividades culturais.

Até o momento já foram feitos diversos mutirões de limpeza do Casarão Magitot e atividades políticas e culturais aos sábados, reunindo toda a população do bairro. Tank da Várzea, integrante do movimento, conta que mais de 20 pessoas participam das reuniões periódicas que acontecem nas segundas. Sobre a placa colocada no Casarão na terça (19.09), Tank afirma: “a gente fez reunião na quarta (20.09) para discutir o que faríamos diante dessa atitude do prefeito e do vereador. Já escrevemos uma nota denunciando esse projeto e queremos prestar queixa no TRE e no Ministério Público. A placa que botaram aqui é para construir uma feira livre e não o mercado público prometido a tanto tempo. Além disso, não tem espaço para a cultura”.

O movimento “Salve o Casarão da Várzea” tem pautas de reivindicações bem definidas. “O primeiro projeto era o denunciar o descaso. Queremos um mercado público com autogestão popular, das pessoas do bairro, para que nosso patrimônio não se torne mais um bolo de concreto da Moura Dubeux. Pensamos em boxes nos arredores para os vendedores e um espaço de convivência cultural dentro do prédio, com um ou dois boxes com banheiro dando apoio. Outra coisa muito importante para nós é ampliar a consciência política, denunciando o descaso dos governantes com a nossa história”, conclui Tank da Várzea.

Segundo George de Souza, músico e morador da Várzea "o fundamental juntarmos forças, moradores, comerciantes, grupos culturais, artistas, estudantes e defendermos que esse mercado seja construído com a participação efetiva da população, pois é ela quem vai se beneficiar cotidianamente desse equipamento público".

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