Análise

Artigo | Abaixo a ditadura em marcha, por Patrus Ananias

Patrus Ananias escreve sobre o atual momento político e afirma "o verniz da justiça escorre de vez"

São Paulo |
Juiz Moro e a justiça são temas do artigo
Juiz Moro e a justiça são temas do artigo - Redação Viomundo

 

Eu aprendi que a Justiça é uma senhora, uma quase deusa, de olhos vendados e com a balança em equilíbrio. Não tem posição. Julga todos de maneira imparcial.

Eu estou descobrindo hoje que a Justiça no Brasil tem um olho aberto e que a balança pesa para um lado. Só querem ver um lado. Não pensam em outra coisa que não seja atingir o ex-presidente Lula, o Partido dos Trabalhadores e a esquerda brasileira, independentemente de provas e sem sequer o trabalho de construir acusações fundamentadas.

A campanha de linchamento moral contra Lula e o PT já corre há mais de uma década. O boato foi erguido à altura de motivo. A mentira virou prova cabal antes mesmo de investigação. O espetáculo de achismos – péssimo espetáculo – foi transformado em acusação oficial. Se não existe acusação para condenar o PT ou Lula, o depoimento sequer é validado.

Quando o juiz Sergio Moro aceita a denúncia contra Lula afirmando a própria fragilidade de fundamentação da acusação, não resta espaço para falar de imparcialidade. A farsa é desmontada nas palavras daquele que pré-julga, como quem diz “não temos o bastante mas iremos acusar mesmo assim”.

Que justiça resta? É possível falar em justiça? O verniz da “justiça” escorre em definitivo nessas afirmações.

É o espetáculo do ódio, iluminado em praça pública. Somente aqueles cegos pela venda da raiva de classes não verão isso. As acusações atuais nada têm de justiça, e já dispensam qualquer verniz de legalidade para esconder suas reais intenções destrutivas. São atos de ódio que agora exibem sua realidade plena.

Assim se desfaz a Justiça, assim se expõe o fascismo.

A arrogância da ação de quinta-feira (22) contra o ex-ministro Guido Mantega, em momento de fragilidade cruel, aponta perigosamente para uma ruptura completa com o estado democrático de direito.

Procedimentos mínimos de respeito humano estão sendo negados. Já estamos em um estado no qual as exceções se multiplicam, várias delas amparadas por decisões ou omissões judiciárias.

O braço armado da PF, a ação sem limites dos procuradores do Ministério Público e a ausência de contrapeso para algumas ações judiciais aumentam a incerteza sobre a democracia.

Então, é importante neste momento que as forças democráticas, que as pessoas comprometidas com a justiça, se coloquem de pé para resistirmos a esta estranha ditadura de setores do Poder Judiciário, com apoio de setores do Ministério Público e com o apoio armado de setores da Polícia Federal.

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