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Deputados pedem convocação de ministro da Justiça

Parlamentares querem saber por que Alexandre de Moraes sabia antecipadamente da operação que prendeu ex-ministro Palocci

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Gleisi Hoffmann: 'Cadê a autonomia da Polícia Federal? Essa autonomia só funcionou com Dilma e Lula'
Gleisi Hoffmann: 'Cadê a autonomia da Polícia Federal? Essa autonomia só funcionou com Dilma e Lula' - Marcos Oliveira/Agência Senado

Os deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS) protocolaram nesta segunda-feira (26), na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, requerimento pedindo a convocação do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, pelo colegiado. Durante comício de campanha ontem, em Ribeirão Preto, interior paulista, ele antecipou a 35ª fase da Operação Lava Jato, que prendeu hoje o ex-ministro Antonio Palocci. “Esta semana vai ter mais, podem ficar tranquilos. Quando vocês virem esta semana, vão se lembrar de mim", disse Moraes no evento.

Na justificativa do requerimento, Teixeira e Pimenta afirmaram que “antecipar informação privilegiada e, sobretudo, sigilosa, é um ato criminoso e demonstra a interferência do Ministério da Justiça nas operações”. “A seletividade comprova que a Operação Lava Jato virou instrumento de luta política contra os adversários do governo Temer.”

Em Brasília, as informações dão conta de que o presidente Michel Temer ficou muito irritado com a fala de Moraes em Ribeirão Preto, já que reforça as desconfianças do uso político da Lava Jato pelo governo. O ministro da Justiça terá de se explicar com Temer sobre as declarações. No limite, Moraes pode ser demitido, para “apagar” essas desconfianças.

Para a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), a questão é muito grave, porque, além de “vazar” uma operação policial sigilosa, o ministro da Justiça usou um palanque eleitoral do PSDB, ao qual é filiado, em Ribeirão Preto, onde Palocci foi prefeito. “Ministro da Justiça sabe agora com antecedência as operações da PF na Lava Jato? Pode isso? Cadê a autonomia da PF? Essa autonomia só funcionou com Dilma e Lula”, afirmou Gleisi, segundo o site PT no Senado.

A senadora lembrou que em episódio semelhante, o ex-ministro da Justiça do governo Dilma Rousseff José Eduardo Cardozo foi chamado a se explicar pela imprensa, por supostamente saber com antecedência de uma operação da PF no escritório da presidência da República em São Paulo. “O episódio foi explorado com estardalhaço pela grande mídia”, afirmou.

O presidente do PT, Rui Falcão, voltou a criticar a seletividade das ações e declarou, em uma rede social, que considera Moraes um “ministro faccioso”. Em artigo, disse que o PT é perseguido “com violência e truculência, por um grupo de procuradores, policiais e juízes à margem do Estado democrático de direito”.

Políticos que estão nos seus estados e não vão a Brasília esta semana devem se reunir após o primeiro turno das eleições municipais, no próximo domingo (2), para ampliar as cobranças de resposta a requerimentos encaminhados no início do mês e tomar outras providências sobre a seletividade da Lava Jato.

Um dos pedidos diz respeito à acusação feita pelo ex-advogado-geral da União Fábio Medina Osório de que foi exonerado do governo por não ter acatado pedido do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, para barrar a Lava Jato.

Senadores e deputados do PT, Rede, Psol e PCdoB pretendem convocar o ministro Padilha para dar explicações sobre o caso no Congresso.  O próprio Osório também pode ser convidado a se apresentar e falar sobre o episódio em audiência pública.

“O advogado-geral da União é demitido sumariamente porque contrariou os interesses do Palácio do Planalto, que não pensa em outra coisa senão meter uma amarra na Polícia Federal, no Ministério Público e no Judiciário para proteger todos os aliados envolvidos, entre eles, o próprio presidente da República, que todos sabemos estar sendo delatado nas colaborações premiadas em curso na operação. Precisamos saber as respostas”, afirmou recentemente o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), a uma emissora de rádio em Recife.

"Operação Boca de Urna"

Paulo Pimenta disse que o ministro da Justiça, ao ter anunciado ações da Operação Lava Jato previamente, confirmou que o Brasil já vive um Estado de exceção no qual, segundo ele, “a Justiça foi capturada por interesses políticos”. "Esse ministro extrapolou todos os limites do razoável. É um irresponsável que quer incendiar o país como fez com São Paulo”, disse Pimenta.

Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), as ações da Lava Jato desenroladas desde a semana passada deveriam se chamar de “Operação Boca de Urna”. “O desvio de finalidade está escancarado nesses trabalhos: o objetivo da operação, com o aparelhamento da PF pelo tucanos, é prejudicar o PT nas eleições”, acrescentou.

“Ficou claro que a iniciativa de hoje não partiu do Ministério Público, mas do governo Federal. É lamentável que isso aconteça e muito grave. E precisa ser amplamente investigado”, disse a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

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