México

Dois anos após desaparecimento de jovens de Ayotzinapa, familias e CNDH pedem justiça

Em reunião com pais de jovens, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos disse seguirá pressionando governo

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 Protesto na cidade de Guadalajara cobra esclarecimento sobre sumiço de jovens
Protesto na cidade de Guadalajara cobra esclarecimento sobre sumiço de jovens - Mario Dominguez/Mídia NINJA

O presidente da CNDH (Comissão Nacional de Direitos Humanos) do México, Luis Raúl González Pérez, afirmou nesta terça-feira (27) aos pais dos 43 estudantes desaparecidos há dois anos em Ayotzinapa, no México, que a entidade continuará insistindo, junto ao governo de Enrique Peña Nieto, para avançar nas investigações e apurar a verdade sobre o crime.

Nesta segunda-feira (26), o desaparecimento dos jovens completou dois anos, sem que haja, até o momento, um esclarecimento sobre o que ocorreu com os estudantes.

Segundo um comunicado da CNDH, os familiares pediram, na reunião desta terça, que a entidade pressione o governo federal para implementar as medidas recomendadas pelo órgão sobre o caso.

Das 57 recomendações feitas pela CNDH a diferentes autoridades mexicanas sobre o caso, somente oito foram atendidas, de acordo com a entidade.

“Até o passado 22 de setembro, deve se assinalar que unicamente oito delas podem se considerar totalmente atendidas; enquanto 33 se encontram em vias de atenção e 16 têm status de não atendidas”, afirmou o órgão em comunicado divulgado no domingo (25).

Pérez disse aos familiares que a comissão fez diversos chamados a autoridades federais, estaduais e municipais para que avancem nas investigações que possam levar à verdade sobre o caso, assim como ações de atenção e proteção às vítimas.

Na noite de 26 de setembro de 2014, cerca de 100 estudantes da Escola Normal Rural Isidro Burgos, no município de Ayotzinapa, no Estado de Guerrero, foram atacados quando viajavam a bordo de cinco ônibus para a Cidade do México, para participar de uma marcha anual em memória do massacre ocorrido em 1968 em Tlateloco, que também vitimou estudantes.

No início da viagem, policiais atiraram contra os veículos que levavam os estudantes. O episódio resultou em seis mortos, 20 feridos e 57 desaparecidos. Dois anos depois, 43 normalistas continuam com paradeiro desconhecido.

Para marcar a data, diversos protestos foram realizados no país. O principal deles ocorreu na segunda-feira (26/09) na Cidade do México, reunindo milhares de pessoas, incluindo os familiares dos estudantes.

De acordo com a Secretaria de Governo do México, até o momento 130 pessoas foram presas por suposto envolvimento com o crime. Dentre eles estão o chefe do cartel Guerreiros Unidos, Sidronio Casarrubias, e o então prefeito da cidade de Iguala, José Luis Abarca, considerados autores intelectuais.

Em entrevista coletiva à imprensa nesta segunda-feira (26), o subprocurador de Direitos Humanos, Prevenção ao Crime e Serviços da PGR (Procuradoria-Geral da República), Eber Omar Betanzos, disse que há ações "encaminhadas" a fim de esclarecer o episódio.

“Como apontou a Procuradora-Geral da República (Arely Gómez), a investigação está aberta. Para além de uma perspectiva de direitos humanos se mostram ações encaminhadas para atender as observações formuladas pela Comissão Nacional de Direitos Humanos e as petições do Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes, a fim de cumprir com os mais altos padrões de investigações na matéria”, declarou.

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