Um protesto realizado nesta quarta-feira (28), em frente à Prefeitura de Curitiba, apontou irregularidades na URBS, empresa que administra o transporte público da capital, durante a gestão de Gustavo Fruet (PDT). Entre os problemas está a suspensão do presidente do Sindiurbano/PR e o não pagamento de salário e benefícios. Valdir Aparecido Mestriner denunciou a direção da URBS por irregularidades no contrato do ônibus, além de práticas de assédio moral e sexual.
O ato contou com a presença de diversos sindicatos e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-PR). Eles apontam prática antissindical com a suspensão do presidente em um manifesto, publicado nesta terça-feira (27).
“As entidades sindicais afirmam que a decisão inédita e arbitrária da direção da Urbanização Curitiba – URBS é um gravíssimo ato antissindical que visa enfraquecer o sindicalismo, a negociação coletiva e os direitos dos trabalhadores da URBS. As entidades sindicais exigem que o prefeito Gustavo Fruet, responsável pela nomeação da atual direção, restabeleça todos os direitos individuais e coletivos do dirigente sindical Valdir Aparecido Mestriner, em especial o seu salário e benefícios como o plano de saúde e vale alimentação e encerre o processo de inquérito judicial”, defende a nota conjunta, assinada por dezenas de entidades.
O presidente Valdir Mestriner listou diversos conflitos. Desde maio de 2015, ocorreram duas paralisações, uma greve e três passeatas, devido a atrasos salariais e de benefícios da categoria. Neste ano, em julho, foi realizada uma nova greve contra 0% de reajuste da categoria em uma inflação de 10%. Sem acordo, a campanha salarial está em dissídio coletivo no Tribunal Regional do Trabalho.
“Eu ousei desafiar e criticar duramente a gestão Gustavo Fruet. Em virtude disso, o prefeito e a direção da URBS, de forma arbitrária, querem a minha demissão por justa causa na justiça do trabalho. Eles confundem o Valdir trabalhador com o Valdir presidente que fez denúncias de irregularidades comprovadas com testemunhas e provas”, afirma Maestriner.
Solidariedade
No ato, dirigentes sindicais e de movimentos populares prestaram solidariedade ao SindiurbanoPR e cobraram transparência da gestão municipal com relação ao transporte público. “Qual é a falta grave que Valdir cometeu? Ele denunciou a máfia do transporte coletivo de Curitiba, que Gustavo Fruet nada fez. O que eles querem é acabar com a URBS para colocar uma empresa privada para controlar o transporte. Fruet prefere atacar o movimento sindical a arrumar os problemas”, alerta o integrantes da Plenária Popular do Transporte, André Machado.
A coordenadora-geral do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc), Irene Rodrigues, enfatizou a autonomia e liberdade sindical e o papel fiscalizador que as entidades fazem aos governantes. “Maestriner ousou enfrentar um dos donos da cidade e participar de processo de investigação sobre o transporte público, entrando com ação civil pública. Ele cobrou transparência e está pagando o preço com seu pedido de demissão”, defende.
Escândalo moral e sexual
Após as denúncias, a URBS enfrentou três acordos judiciais com relação a assédio moral e sexual. Dois deles envolvendo trabalhadores com pagamento de indenização. Um acordo custou R$ 5 mil e foi de uma diretora da URBS contra uma trabalhadora demitida. O outro atingiu valor de R$ 110 mil e foi contra o ex-procurador jurídico da URBS. Este acordo está relacionado à comissão do transporte coletivo formada por Gustavo Fruet. Essas ações estão em segredo de justiça.
A terceira ação foi movida pelo Ministério Público do Trabalho e obrigou a URBS a assinar um acordo na Justiça do Trabalho, contendo 15 itens para inibir assédio moral e sexual. A empresa também assumiu um compromisso de fazer campanha publicitária no valor de R$ 1 milhão. A decisão foi tomada em 16 de setembro.
“Contudo a atual direção da URBS não fez nenhuma apuração interna dos atos denunciados pelo sindicato e Ministério Público, mas sim decidiu afastar e perseguir o dirigente sindical que organizou a luta para acabar com o assedio na empresa”, denuncia o manifesto publicado pelos sindicatos.
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