O Fundo Autônomo de Mulheres Rurais da Amazônia ‘Luzia Dorothy do Espírito Santo’ lançou nesta quinta-feira (5) o seu II edital e apoiará experiências agroecológicas de grupos e associações de mulheres que estejam legalmente constituídas há mais de um ano.
Criado em 2014, o Fundo Autônomo de Mulheres Rurais da Amazônia tem como objetivo apoiar projetos coletivos de mulheres e busca promover a igualdade de direitos, a autonomia e o fortalecimento das mulheres por meio de iniciativas produtivas e de articulações políticas.
De acordo com Graça Costa, representante da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) na Amazônia no comitê gestor do Fundo, o segundo edital traz como tema a agroecologia. Os projetos enviados deverão ter um dois dois focos:segurança alimentar e nutricional, e o enfrentamento às situações de violência contra mulheres do campo e da floresta.
"Pode ser horta orgânica, plantio, recuperação de áreas degradadas, banco de sementes, o que elas quiserem produzir, mas com enfoque na segurança alimentar, e que traga alguma atividade no projeto voltado para o enfrentamento da violência", exemplifica Costa.
O fundo, que é administrado por mulheres representantes de entidades e organizações que atuam na região do Baixo Amazonas, no estado do Pará, apoiará projetos dos municípios de Santarém, Alenquer, Almeirim, Aveiro, Belterra, Mojuí dos Campos, Nova Canaã, Oriximiná, Faro, Terra Santa, Juruti, Óbidos e Monte Alegre.
As propostas devem ser encaminhadas até 7 de novembro por uma associação de mulheres,e o teto de apoio para cada projeto é de R$ 10 mil. Cada projeto deverá disponibilizar 10% do valor de seu orçamento para a cobertura de despesas administrativo-financeiras do Fundo de Mulheres.
Origem
Costa explica que o Fundo Autônomo de Mulheres Rurais teve sua origem no Fundo Dema, que teve início em 2003, quando o Ibama doou à Fase seis mil toras de mogno apreendidas na região de Altamira (PA). A Fase, então, solicitou à madeireira “Cikel Brasil Verde”, dotada de certificação florestal, que beneficiasse e vendesse estas toras no mercado externo.
Os recursos foram aplicados num investimento permanente cujos rendimentos são utilizados para combater o desmatamento e o uso predatório de recursos naturais e para viabilizar experiências agro-extrativistas, agrícolas, agro-silvo-pastoris e de pesca.
Para atender às mulheres de forma mais especifica, foi criado um fundo que carrega o nome de três importantes lideranças de movimentos de defesa da floresta e dos povos da Amazônia: Luzia de Oliveira Fati, a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santarém, Dorothy Stang (conhecida como Irmã Dorothy), religiosa norte-americana naturalizada brasileira que foi brutalmente assassinada em 12 de fevereiro de 2005, e Maria do Espírito Santo, morta em 24 de maio de 2011.
Primeiro edital
No I edital do Fundo Autônomo de Mulheres, oito projetos de mulheres indígenas, extrativistas, ribeirinhas, artesãs e agricultoras foram apoiados. Um deles era o da agricultora Selma Ferreira, 48, que, junto a outras agricultoras, tinha como objetivo criar a o metropolitana de Santarém (PA).
Selma conta que a vida dela mudou, assim como a das 70 mulheres associadas. “Antes eu vivia presa. A partir do projeto do fundo, foi outra vida. Todo dia tem algo diferente no meu coração, no meu pensamento. Assim, tenho anseio de viver, de produzir, de ajudar, de partilhar”.
A Amabela tem um ano de criação e, através da associação, as mulheres conseguiram se organizar e conquistaram autonomia para apresentar e vender seus produtos.
Selma hoje faz parte da coordenação da associação e conta orgulhosa que, neste ano, a Amabela faz parte da organização da 3ª edição da Exposição Sementes, Sabores e Saberes, que irá ocorrer no dia 26 de novembro e é realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Belterra.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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