Na próxima sexta (8), Belo Horizonte recebe o evento Semente da Terra, que pede benção ao samba mineiro com apresentações de grandes artistas da Velha Guarda. Os shows irão acontecer a partir das 13h, com entrada gratuita, no Centro Cultural Padre Eustáquio.
De acordo com Camila Costa, uma das organizadoras, o Semente da Terra celebra o "samba que muito se vive e pouco se fala", raiz presente nas ruas, bares e quintais belo-horizontinos. Na data, os grupos "Ritmistas do Samba" e "O Canto da Raça" dividirão o palco com nomes importantes para a cultura mineira, como Pirulito da Vila, Bobô da Cuíca, Airam Nunes, Preto Fi, Walison do Cavaco e Velha Guarda da Faculdade do Samba.
A festa irá conter, ainda, feira de artesanato regional e barraquinhas de comida, além de exposição do fotógrafo Hebert Shuaseneguer, que registrou as edições anteriores do projeto.
Cem anos de samba no Brasil
A edição atual do evento acontece no ano em que se comemora o centenário do samba no país. Vinda de Angola e do Congo, na África, a manifestação ganhou no Brasil características únicas com a influência efervescente da periferia baiana e carioca. Em Belo Horizonte, dados históricos mostram o surgimento da primeira escola de samba - a "Pedreira Unida" - em 1937.
Aqui, grandes artistas se criaram, mesmo que a mídia tradicional, segundo o historiador Marcos Maia, tenha ignorado a existência deles. "Em Minas Gerais existem muitos cantores que não se destacaram no cenário musical e que deveriam, como o Mestre Conga, Rosalvo Brasil, Lourdes Maria, Donelisa, Zé Pretinho... São muitos". Para ele, essas pessoas, assim como o samba, "representam uma forma de resistir à parte dura da vida", relata.
Como um dos principais motivos para essa pouca ascensão, o estudioso destaca a constante tentativa de apropriação das classes altas, que detêm os meios de produção e circulação do conteúdo. “Os sambistas da origem, que são principalmente os negros, não tiveram o devido reconhecimento, apoio. Nunca houve uma política cultural eficaz que favorecesse os sambistas das favelas e periferias, que são mais autênticos. Há muito que se fazer”, diz o especialista.
Edição: ---