Os próximos quatro anos do Recife serão decididos neste mês. No dia 30 deste mês, os mais de 1 milhão de eleitores da capital pernambucana devem escolher entre os dois projetos: um encabeçado pelo ex-prefeito João Paulo (PT) e outro representado pelo atual prefeito Geraldo Julio (PSB). No dia 2 de outubro, o atual gestor obteve 431 mil votos. Já o petista conquistou 207,5 mil eleitores. Eles agora precisam disputar os outros 480,5 mil votos que no 1º turno optaram por outros projetos ou por nenhum.
Numa coligação com 20 partidos, a campanha para reeleger Geraldo Julio foi turbinada com R$ 2,1 milhões. Durante seis semanas, o prefeito teve nada menos que 695 candidatos a vereadores espalhados pela cidade pedindo votos para ele, algo que dificilmente se repetirá no 2º turno. Esses candidatos representam 72% dos 965 postulantes à Câmara do Recife. A estratégia foi a mesma utilizada em 2012, quando Geraldo acabou eleito no 1º turno. Sem alcançar o mesmo feito, o prefeito não esperou e, dois dias após a votação, reuniu candidatos eleitos e não-eleitos para pedir engajamento também durante o 2º turno.
Já a campanha de João Paulo teve R$ 1 milhão a menos que a de Geraldo. Destes recursos, cerca de 11% vieram de doações de pessoas, incluindo ele próprio. Sua chapa de vereadores teve 63 candidaturas – um décimo da chapa adversária. Com poucos recursos financeiros, o discurso de João Paulo na noite do domingo (2/10) foi de vitória, afirmando que esta nova etapa da campanha será ainda mais difícil, mas que a força da militância nas ruas, dialogando com o povo, será decisiva. O ex-metalúrgico conta com o apoio de boa parte dos sindicatos e dos movimentos populares da capital pernambucana.
O plano de governo disponibilizado no site da campanha petista inclui a retomada do Orçamento Participativo, ferramenta de participação popular na priorização de obras para a cidade. Na saúde, a proposta é ampliar a atenção básica: ampliar o número de equipes de saúde da família e ampliar o horário de funcionamento das Unidades Básicas de Saúde, integrando as Upinhas a essa lógica. A realocação da população que vive em palafitas para morar em habitacionais, uma das marcas de sua primeira gestão, também deve voltar, acompanhada da criação de um sistema permanente de Defesa Civil voltado para as áreas de risco.
No tópico trabalho, chama a atenção a proposta de acabar com a criminalização do comércio ambulante, com políticas permanentes de incentivo à formalização como microempreendedor e ordenamento do comércio informal. Sua proposta mais propagandeada foi sobre mobilidade: a criação do VEM Mais Fácil, na qual o passageiro pode trocar de ônibus sem pagar outra passagem e sem precisar passar por um terminal de integração. Até o fechamento desta edição do jornal, o site da campanha do candidato Geraldo Julio (PSB) informava que seu plano de governo está em construção.
CÂMARA – O cenário da Câmara de Vereadores do Recife já não era progressista. Mas o parlamento municipal está mais conservador. Sintoma disso é o fato de que as três candidaturas mais votadas se construíram junto ao fundamentalismo religioso: Missionária Michele Collins (PP), Irmã Aimée (PSB) e Fred Ferreira (PSC) tiveram, juntos, mais de 40 mil votos.
A bancada de partidos de alinhamento ideológico de direita manteve-se a mesma: 19 parlamentares, hegemonizada pelo PSB, que perdeu três e agora tem oito vereadores. O PSC, antes sem nenhum, conta com três vereadores a partir de 2017. PSDB e PMDB contam com dois parlamentares cada. Entre os partidos de centro, a REDE não reelegeu seu único nome e o PRB, da Igreja Universal, agora tem dois parlamentares.
O bloco mais progressista, composto por PCdoB, PT e PDT foi reduzido pela metade: caiu de dez para cinco. Dos quatro vereadores do PT, apenas Marília Arraes e Jairo Britto se reelegeram. O PDT, antes com cinco, agora tem um único representante. O PCdoB reelegeu Almir Fernando. Os partidos ganharam a companhia do PSOL, que elegeu seu primeiro vereador na cidade, o jornalista Ivan Moraes Filho.
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