A área industrial de Araucária amanheceu em luto nesta terça-feira (18). Dois protestos em memória do montador de andaimes Ademir de Barga, vítima de acidente de trabalho ocorrido ontem (17), na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen-PR), mobilizaram petroleiros, petroquímicos e trabalhadores da montagem e manutenção industrial.
Barga era contratado da empresa Manserv e sofreu uma queda do primeiro patamar do reator da unidade 11 da Fafen-PR, uma altura aproximada de 9 metros, durante a manutenção do equipamento.
A primeira aconteceu em frente à Fafen-PR e reuniu centenas de trabalhadores das diversas categorias que atuam na área industrial. A segunda ocorreu na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), com ato e atraso no expediente da refinaria.
Para o presidente do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina (Sindipetro PR e SC), Mário Dal Zot, o acidente é consequência da política precária de segurança do Sistema Petrobras. “Em vez de investir em treinamento e capacitação, a empresa prioriza os procedimentos. Isso serve claramente para tirar responsabilidades dos gestores e da companhia e jogar a culpa do acidente na vítima”, afirmou. “Para a empresa é só mais um número; para nós é a perda de um companheiro. Enquanto os verdadeiros responsáveis não responderem cível e criminalmente por seus atos, os acidentes continuarão a fazer parte da rotina da Petrobras”, completou.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Petroquímica do Paraná (Sindiquímica-PR) e secretário de Saúde e Segurança da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Luiz Castellano, criticou os danos causados pela terceirização, uma vez que a vítima estava há muitos anos lotada na Fafen-PR como terceiro, sem nenhum amparo de segurança. Para ele, a produtividade foi colocada acima da vida, tirando, de mais um trabalhador, o direito de viver.
“O dia a dia dentro da Fafen-PR é de tensão, pois os trabalhadores são pressionados o tempo todo. Para os terceirizados, o problema é ainda mais greve, pois sofrem com mais assédio moral e menos condições de segurança para realização das suas atividades. É uma política de punição, ao invés de soluções, onde inclusive recentemente um trabalhador sofreu um acidente e ainda foi advertido pela gerência”, contou.
Por mais contraditório que seja, o gerente da Fafen-PR deixou o cargo recentemente para assumir a Política de Segurança, Meio Ambiente e Saúde (SMS) da Petrobrás. “A gente fica assustado, porque é esse gerente que está à frente das políticas de segurança da empresa. A vida é muito preciosa para que alguns gestores brinquem com ela”, afirma Castellano.
Ademir tinha apenas 39 anos e deixou a esposa, Kelly Parnha, a filha Pamela Lara de Barga (20) e o filho Vitor Hugo de Barga (8). Uma família inteira arrasada pela irresponsabilidade da Petrobras.
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