Violência no campo

Ex-presidente da UDR vai a júri popular pela segunda vez

Marcos Prochet é acusado pelo homicídio do trabalhador sem terra Sebastião Camargo em 1998

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Área em que ocorreu o assassinato é hoje assentamento batizado em homenagem à vítima
Área em que ocorreu o assassinato é hoje assentamento batizado em homenagem à vítima - Joka Madruga/Terra Sem Males

O ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR) Marcos Prochet deverá ser julgado pela segunda vez por um júri popular no próximo dia 31 de outubro. Ele é acusado pelo homicídio do trabalhador sem terra Sebastião Camargo, então com 65 anos, em 1998. O julgamento ocorre em Curitiba, no Paraná.

A UDR é uma entidade fundada em 1985 que reúne latifundiários e que atua como lobby no Congresso Nacional, pressionando parlamentares no sentido de impedir a aprovação de leis favoráveis à reforma agrária.

Sebastião Camargo foi morto durante um despejo ilegal que envolveu cerca de 30 pistoleiros na cidade de Marilena, na região noroeste do Paraná. Além do homicídio de Camargo, 17 pessoas, entre elas crianças, ficaram feridas.

O local onde ocorreu o homicídio já havia sido declarado improdutivo pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e destinado para a reforma agrária. Hoje, a área onde aconteceu o assassinato é um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), batizado Sebastião Camargo, em homenagem ao trabalhador.

Julgamento

Prochet já foi julgado em 2013. Na ocasião, foi condenado a 15 anos e 9 meses de reclusão, tendo sido considerado o autor do disparo que tirou a vida de Sebastião. A decisão, entretanto, foi anulada pelo Tribunal de Justiça do Paraná e um novo julgamento foi determinado.

O segundo julgamento do ruralista deveria ter ocorrido no dia 25 de agosto. No entanto, o novo júri foi adiado, já que, uma semana antes do julgamento, a defesa juntou ao processo mais de quatro mil páginas impressas de documentos e 26 CDs, impedindo a análise em tempo hábil por parte da promotoria.

Outras três pessoas já foram condenadas pelo caso em novembro de 2012. Teissin Tina, ex-proprietário da fazenda Boa Sorte, onde o agricultor foi morto, recebeu pena de seis anos de prisão por homicídio simples. Osnir Sanches foi condenado a 13 anos de prisão por homicídio qualificado e constituição de empresa que recrutava jagunços para executar despejos ilegais.

Augusto Barbosa da Costa, integrante do grupo de pistoleiros também foi condenado, mas recorreu da decisão.

Outro ruralista, Tarcísio Barbosa de Souza - presidente da Comissão Fundiária da Federação de Agricultura do Estado do Paraná, ligada à Confederação Nacional da Agricultura (CNA), também responde pelo crime, tendo sido denunciado em 2013. Souza é ex-tesoureiro da UDR e ex-vereador em Paranavaí pelo Democratas (DEM).

Edição: José Eduardo Bernardes

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