VIOLÊNCIA

Comissão de Direitos Humanos acompanha caso de estupro coletivo em São Gonçalo, no RJ

Essa semana uma mulher de 34 anos foi brutalmente estuprada em zona periférica do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro (RJ) |
Vítima disse, em depoimento à polícia, que tinha medo de denunciar estupradores
Vítima disse, em depoimento à polícia, que tinha medo de denunciar estupradores - Divulgação

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) está dando apoio jurídico e acompanhamento psicológico à mulher estuprada por 10 homens, no município de São Gonçalo, na Baixada Fluminense, na última segunda-feira (17).  Os suspeitos são traficantes da região. Os estupradores foram flagrados por uma patrulha da Polícia Militar durante o ato, mas oito deles conseguiram fugir. Dois menores foram presos (um de 15 e o outro de 16 anos).

Segundo informações da delegacia que investiga o crime, a vítima, uma vendedora de roupa de 34 anos, contou que não era a primeira vez que foi estuprada pelos mesmos homens. Mas tinha medo de denunciar, devido às ameaças às três filhas, de 12, 13 e 14 anos. “A cultura do estupro deve ser combatida com uma cultura de direitos. Não podemos perder a capacidade de nos indignarmos frente à barbárie cometida contra as mulheres todos os dias”, afirmou a vereador eleita Marielle Franco, que atua na Comissão que é presidida pelo deputado estadual Marcelo Freixo, ambos do PSOL.

No começo da semana, uma menina de 14 anos também foi vítima de estupro, no bairro de Jacarepaguá, na zona oeste do Rio.  O pai da vítima contou que o agressor estrangulou a adolescente, que desmaiou na hora. “Foi encontrada ensanguentada, toda arranhada. É difícil ver a pessoa que você mais ama ali toda machucada”, desabafou o pai.

Em maio, um estupro coletivo de uma jovem de 16 anos, no Morro do Barão, na zona oeste do Rio, já tinha chocado o país e o mundo. Sete pessoas foram indiciadas e o processo agora está correndo na Justiça.

Muitas pessoas foram às redes sociais, nos últimos dias, manifestar sua indignação contra a violência sofrida pelas mulheres. “A cada estupro, seja ele coletivo ou não, nós mulheres somos violentadas juntas. E é sempre a mesma história, não há qualquer sensibilidade com a vítima, principalmente de quem deveríamos esperar o mínimo de uma condução responsável”, disse a vereadora eleita Marielle.

Estatísticas

Os estupros da vendedora de roupa e da adolescente não são casos isolados. O estado do Rio de Janeiro teve uma média de 13 estupros por dia entre 1º de janeiro e 30 de abril deste ano. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), órgão ligado à Secretaria de Estado de Segurança, foram registrados 1.543 casos de estupro no estado nos primeiros quatro meses de 2016. Isso quer dizer que a cada duas horas, uma mulher foi vítima de estupro no estado.

As mulher pobres, especialmente as mulheres das zonas oeste e norte, são a maiores vítimas dos casos de violência sexual, segundo a historiadora Helena Rossi, integrante do Coletivo de Mulheres Feministas do Subúrbio.

“As zonas oeste e norte concentram 91% dos casos de estupro registrados no Rio de Janeiro. A zona oeste é o lugar mais violento para as mulheres, com 57% dos casos, segundo informações do Dossiê Mulher (2014)”, aponta a ativista. O dossiê é uma compilação de dados sobre os principais crimes sofridos pelas mulheres no estado. O documento também aponta que 45% das vítimas tinham até 14 anos e foram violentadas dentro de casa.

Helena Rossi afirma que essa violência reflete em todos os ambiente da sociedade, inclusive nas escolas e universidades. “67% das estudantes são vítimas abrangendo estupro, assédio sexual, coerção, desqualificação intelectual e agressão moral e/ou psicológica são praticadas por colegas, professores e funcionários, de acordo com pesquisa do Instituto Avon”, afirma a integrante do Coletivo de Mulheres Feministas do Subúrbio.

Edição: Vivian Virissimo

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