O governo da Venezuela e a oposição vão sentar à mesa de negociação no dia 30 de outubro, anunciou nesta segunda-feira (24/10) o clérigo Emil Paul, representante do Vaticano na mediação. As conversas acontecerão na ilha Margarita, no Caribe venezuelano.
O anúncio vem um dia depois de o Congresso do país, controlado pelos oposicionistas, ter dito que houve uma “ruptura da ordem constitucional” com a decisão da Justiça de suspender o processo que poderia levar à revogação do mandato do presidente Nicolás Maduro. O mandatário, inclusive, fez nesta segunda uma visita surpresa ao papa Francisco, parando em Roma enquanto voltava à Venezuela de uma visita que fez à Ásia Central.
Segundo Paul, o objetivo é a “busca da criação de um clima de confiança, superação da discórdia e promoção de um mecanismo que garanta a convivência pacífica”. “Esse processo tem como objetivo a superação das conjunturas econômicas, políticas e sociais”, disse.
Paul é um dos mediadores das conversas. Além dele, fazem parte do grupo os ex-presidentes Leonel Fernández (República Dominicana), Martín Torrijos (Panamá) e José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha), além da Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
Em volta de visita à Ásia Central, Maduro parou no Vaticano para se encontrar com o papa, que o auxiliará nos diálogos com a oposição
Em junho, Maduro acusou a oposição venezuelana de boicotar uma tentativa de diálogo. "Estão sabotando os diálogos da República Dominicana, querem destruir a comissão internacional de soberania e de paz que está nos acompanhado e ajudando e, eu pessoalmente faço este apelo ao senhor Ramos Allup [presidente do Parlamento] e ele foge do diálogo", disse o presidente em rede nacional de rádio e televisão. Na época, os opositores haviam estabelecido condições, como a soltura de “presos políticos”.
Crise política
A Assembleia do país aprovou, neste domingo (23/10), um acordo em que diz ter havido “ruptura da ordem constitucional” e um “golpe de Estado” dado pelo mandatário, em uma tentativa de destituí-lo. Depois da decisão, o PSUV (Partido Socialista Unificado da Venezuela), ao qual Maduro é filiado, convocou uma “mobilização ativa e permanente” dos militantes.
“Vamos às ruas defender o poder político da Venezuela. Eles [a oposição] não nos reconheceram em 2002, 2004, 2007 e 2013 e, agora, cabe a nós, como sempre, ensinarmos a reconhecer e a respeitar essa pátria, porque, quando se desconhece a Nicolás Maduro, se desconhece ao povo e isso nós devemos defender”, disse Jaua, segundo o jornal El Universal.
Por sua vez, o líder do governo no Parlamento, Hector Rodríguez, disse que a decisão “não tem validade política". “Podem fazer com esse acordo o que quiserem. Este governo segue em frente e, ante a qualquer tentativa de fraude, vamos estar mais unidos que nunca para vencer”, afirmou.
“A oposição violou a democracia. A Venezuela é uma democracia e isso significa respeitar a Constituição e as instituições. Se não gostam da sentença que emitiram contra o [referendo revogatório], é problema dela”, disse Rodríguez.
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