Cinco colégios federais, seis centros universitários do Instituto Federal do Rio de Janeiro e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) encontram-se ocupados no estado em protesto à PEC 241 que propõe o congelamento de gastos públicos nos próximos vinte anos. Os secundaristas do Colégio Pedro II, uma instituição federal, decidiram ocupar de forma indeterminada as unidades de Tijuca (ocupado ontem), Realengo, Engenho Novo, Centro e Niterói.
“Essa é nossa forma de nos manifestarmos contra as medidas do governo de Michel Temer. Depois de participar de atos e protestos nas ruas e sermos ignorados, decidimos pela ocupação do nosso colégio. Nós somos contra a PEC 241, a reforma do ensino médio e o projeto Escola sem Partido”, afirma uma das estudantes do Pedro II de Realengo, que conversou com o Brasil de Fato, mas pediu para não ser identificada por questão de segurança.
Outra aluna, que também participa da ocupação, destaca quais as principais pautas dos estudantes. “Temos as pautas externas contra a política do governo, mas também nossas questões internas no colégio. Queremos a quebra da hierarquia do sistema de ensino, com maior participação dos estudantes. Queremos debater em sala de aula temas para a formação cidadã e que a escola seja um lugar com maior pluralidade”, enfatiza a secundarista.
Com a escola ocupada, a programação educativa e cultural é mais intensa do que nunca. As atividades começam às 9h e vão até às 19h, com aulão de pré-vestibular e aulas de várias disciplinas, com professores voluntários, monitoria para quem quer discutir conteúdos específicos, oficina de teatro, palestra com uma psicóloga sobre pressão pré- ENEM e saúde mental, sarau musical, entre outras. Todas as atividades são abertas ao público.
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
Na noite da última terça-feira (25), estudantes estavam em assembleia para discutir os impactos da PEC 241, quando receberam a notícia de que a proposta tinha sido aprovada em segundo turno pela Câmara Federal. Decidiram então ocupar a reitoria da UFRRJ, localizada no município de Seropédica, zona metropolitana do Rio. Mais de 300 alunos estão compondo a ocupação.
“Essa PEC vai atingir os setores mais pobres. Por isso somos contra esta medida e a ocupação é uma ferramenta de luta, de mobilização e de diálogo. Estamos chamando a sociedade para vir debater com a gente”, destaca o aluno de sociologia da UFRRJ, Breno Rodrigues.
Segundo o estudante, a ocupação conta com o apoio dos sindicatos de trabalhadores da universidade e que há diálogo para encaminhar o apoio dos estudantes à greve geral convocada pelas principais centrais sindicais, para o dia 11 de novembro. “Vamos rumo à greve geral. Só assim vamos conseguir barrar a PEC do fim do mundo”, finaliza o universitário. Em um comunicado, a reitoria da UFRRJ manifestou apoio aos estudantes.
Instituto Federal do Rio de Janeiro
Estudantes ocuparam ainda as unidades dos institutos federais de Nilópolis, Duque de Caxias, Realengo, São Gonçalo, Japeri e Paracambi, sendo as duas últimas nessa semana. O IFRJ de Realengo, na zona oeste, foi a primeira instituição de educação do Rio de Janeiro a ser ocupada.
Edição: Vivian Virissimo
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