191 países votaram contra o embargo, mas a decisão não tem caráter deliberativo
E os Estados Unidos se abstiveram na votação das Nações Unidas sobre o embargo contra Cuba. Ao lado de Washington mais uma vez acompanhou o desprezível governo de Israel. Ou seja, o governo estadunidense, mesmo não tendo votado como nos outros anos, a favor do embargo, acabou não ficando nem lá nem cá, não seguindo totalmente o discurso do Presidente Barack Obama que garantiu que ao terminar o seu mandato normalizaria totalmente as relações com Cuba. Por enquanto segue no discurso, mesmo não mais votando a favor do embargo.
De qualquer forma, como prova de boa vontade, o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, elogiou a decisão estadunidense de se abster, mas lamentou que o embargo a Cuba continuasse. Ele considerou a abstenção positiva para a melhora das relações entre os dois países.
A representante dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, fez questão de lembrar que o seu governo continua achando o mesmo de sempre, ou seja, que o embargo não viola a legislação internacional e que o governo Obama ainda mantém “discordâncias com as práticas do governo cubano”.
Ao que tudo indica, o Departamento de Estado norte-americano apenas mudou de estratégia, mas segue com os mesmos objetivos de sempre, qual sejam o de se intrometer nas questões internas e fazer com que Cuba desista de continuar seguindo a opção feita há muito tempo pelo socialismo.
Os demais 191 países votaram contra a continuidade do embargo, mas a decisão não tem caráter deliberativo, quer dizer, o embargo que tanto mal resulta para Cuba continuará.
Da mesma forma, os Estados Unidos seguirão ocupando Guantánamo, em pleno território cubano, o que acontece desde o início do século passado e já foi denunciado por Cuba, que não aceita mais o tratado que cedeu o território para´os Estados Unidos, cessão feita por um governo subserviente aos interesses norte-americanos.
Nesse sentido, quando um acordo como o de Guantánamo, é denunciado por uma das partes e a outra não responde, o acordo torna-se ilegal. Isto quer dizer então que continuando a ocupar Guantánamo os Estados Unidos cometem de fato uma ilegalidade e nem sequer se digna ao menos debater a questão. Na verdade, a mudança por parte dos Estados Unidos seria para valer se fosse decidido o fim do embargo e a retirada de Guantánamo, que hoje se tornou um presídio para pessoas que nem julgadas foram.
Como o fim do embargo depende do Congresso, resta saber como se comportarão os próximos parlamentares a serem eleitos e também o empenho do novo governo estadunidense que os eleitores já começaram a votar.
A palavra está com Hillary Clinton ou Donald Trump. A primeira em uma ocasião se manifestou contra a continuidade do embargo. Trump disse que ia refazer os acordos firmados por Obama sobre Cuba, tornando-os mais atuais. Mas resta sempre a dúvida se o que falam nos discursos pode ser considerado fatos para valer ou apenas retórica vazia.
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