Em janeiro de 2003, Mauro Mateus dos Santos, o Sabotage, tinha começado a trabalhar no disco posterior ao álbum Rap é Compromisso, lançado em 1999. Sua vida foi interrompida em meio às gravações, deixando um vazio no rap nacional.
Treze anos depois, o trio de produtores que trabalhou com o rapper em seu primeiro e único disco – Rica Amabis, Tejo Damasceno e Daniel Ganjaman –, lançam uma obra póstuma, intitulada Sabotage. As gravações feitas pelo rapper contam com a participação de diversos artistas. Foram escalados Tropkillaz, DBS, Negra Li, Quincas Moreira, Dexter, BNegão, Céu e Sandrão.
Confira o programa Mosaico Cultural, da Radioagência Brasil de Fato (para baixar o arquivo, clique na seta à esquerda do botão compartilhar):
Em publicação no Twitter, MV Bill afirma que o disco póstumo de Sabotage “está mais atual e contundente que o de muitos MCs que estão ‘vivos’".
O álbum começa com a músicaMosquito, a batida é do Tropkillaz e vocais dos filhos de Sabotage:"Sul meu lar, vejo e lembro do mosquito/Um parceiro sempre ativo/Que por lá chegou e representou/Provou pra sul que é aquilo/Catou papel pra viver, na moral foi difícil/Depois que o homem inventou o revólver/Todos corremos perigo/Onde o preto é bandido/O playboy queima índio e esbanja o prazer”, diz o rapper no começa da música.
No início da faixa País da fome: homens animais, ouve-se o noticiário da morte de Sabotage, seguido por uma narrativa de injustiças envolvendo seus conhecidos:"Oxalá me guia sempre permanentemente/ Zé Polvinho tem olho ardente/ Não gosto desse filme o roteiro é foda, nem me liga/ Ser uma vítima do crime genocida/ Crocodilagem, traição, revolta, droga"
A carreira de Sabotage, começou em 1988, participando de concursos de rap. Em um deles, no salão Zimbabwe, em São Paulo, conheceu Mano Brown e Ice Blue, ambos do Racionais MC’s, que ficaram impressionados com a performance dele. Sabotage ficou famoso na parceria com o grupo RZO (Rapaziada Zona Oeste).
Em 2012, antes do lançamento do documentário “Sabotage, o Maestro do Canão”, o Brasil de Fato entrevistou seu diretor, Ivan Vale Ferreira, que falou do significado da perda de Sabotage: “O rap perdeu, pra mim, o seu principal ícone. Tem o Mano Brown que é um puta ícone, não tem como negar, mas o Sabota pro rap era a diferença. Eu acompanho muito as batalhas de MC´s nos saraus que a gente faz. É incrível como todo mundo cita ele. A molecada nova, qualquer rima que faz emenda que “o rap é compromisso, não é viagem”, “um bom lugar”, ele deixou frases que para sempre vão ser citadas. Mas além do rap, a música brasileira perdeu muito.”
O novo álbum de Sabotage está disponível para ouvir gratuitamente no Spotify.
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Mosaico Cultural é uma produção da Radioagência Brasil de Fato
Locução: Norma Odara
Produção: Mauro Ramos
Sonoplastia: Jorge Meyer
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