A primeira reunião de diálogo formal entre o governo venezuelano e a oposição terminou na madrugada desta segunda-feira (31/10) com a decisão de criar imediatamente quatro mesas de trabalho a respeito de soberania, reparação de vítimas, cronograma eleitoral e situação econômica do país.
O representante do Vaticano no diálogo, o prelado italiano Claudio María Celli, leu, ao término da reunião, uma declaração conjunta na qual se explica que estas mesas de trabalho serão coordenadas pelos mediadores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e da Igreja. Além disso, ele disse que, entre os acordos fechados, ficou estabelecido o próximo dia 11 de novembro para um novo encontro da mesa geral de diálogo.
As conversas entre governo e oposição começaram na tarde do domingo (30/10). A mesa era composta pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e cinco representantes da aliança antichavista Mesa da Unidade Democrática (MUD), acompanhados pelos mediadores Unasul e do Vaticano. O partido Vontade Popular (VP), de Leopoldo López, se recusou a participar das conversas.
"Quero manifestar perante o representante do Papa Francisco, como o fiz há poucos dias em Roma, meu agradecimento e compromisso absoluto como presidente da República e líder do Movimento Bolivariano e Revolucionário da Venezuela com este processo de diálogo", afirmou Maduro. Além disso, o presidente afirmou que vai ao diálogo disposto "a escutar, e tomara ser ‘escutado", para "buscar pontos de encontro em função dos interesses das grandes maiorias".
Por sua parte, o prelado italiano Claudio María Celli, representante do Vaticano para fazer a mediação entre governo e oposição, pediu às partes que o diálogo seja sério e que sejam gerados "sinais autênticos" que o país espera.
Papa preocupado
Celli afirmou que o papa Francisco está "profundamente preocupado" com a tensão na Venezuela e disse que "seu desejo é o de favorecer o mais possível a feliz realização deste processo".
Antes da reunião, os principais partidos da aliança opositora - Ação Democrática (AD), Primeira Justiça (PJ), Vontade Popular e Um Novo Tempo (UNT) - tiveram sérias diferenças sobre os termos nos quais devia ser aceito esse encontro.
A VP, partido fundado pelo opositor preso Leopoldo López, rejeitou comparecer às negociações ao não serem cumpridas uma série de exigências que tinha feito antes do encontro e que incluíam a libertação de 13 políticos presos.
A AD - legenda liderada pelo chefe do parlamento, o opositor Henry Ramos Allup - expressou nas reuniões da Unidade seu desejo de participar das conversas com o governo, segundo as mesmas fontes.
No entanto, a aliança eleitoral que mantém com a VP desde as eleições parlamentares e que permitiu a Allup se tornar chefe do Parlamento, dilatou a decisão da AD para evitar romper com seu pacto, embora tenha aceitado participar das conversas.
A situação foi resolvida com a exclusão da VP da reunião, da qual participaram o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba; o representante da UNT, Timoteo Zambrano; o da PJ, Carlos Ocariz; o da AD, Luis Aquiles Moreno; e o governador do estado de Lara, o opositor e antigo chavista Henri Falcon.
Em comunicado divulgado pela MUD, a aliança explica que Torrealba e os outros três grandes partidos acertaram sua participação "em função de aceitar o convite do Vaticano para avançar na formação de um espaço de diálogo" que permita dar soluções para a crise do país.
Os partidos que decidiram estar na mesa se comprometem a exigir o fim do que chamam de “repressão” e de “perseguição", assim como "a se levantar do espaço de diálogo em caso de não ser resolvidas as demandas no curto prazo". A VP se comprometeu a se unir às conversas uma vez que suas exigências fossem cumpridas.
(*) Com Efe
Edição: ---