Na próxima quarta-feira (9), será realizado em Belém (PA) o encontro preparatório para o VIII Fórum Social Pan-Amazônico (VIII FSPA), que ocorrerá de 28 de abril a 1º de maio de 2017 na cidade de Tarapoto, no Peru.
Segundo os organizadores, o objetivo do fórum é mobilizar o debate de propostas para enfrentar os desafios da região, reunindo e articulando movimentos populares, povos indígenas e comunidades tradicionais dos países da bacia Amazônica contra a pressão de grupos econômicos que visam explorar os recursos naturais e construir grandes obras de infraestrutura que ameaçam os povos da floresta.
A organização do VIII FSPA conta com um comitê internacional e comitês nacionais, que se subdividem em comitês locais. Na região norte, estão formalizados comitês locais em Belém (PA), Macapá (AP), Santarém (PA), Manaus (AM), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO). No Pará, também serão realizados pré-encontros em Altamira e Itaituba.
Além do Brasil, a Pan-Amazônia é composta pela Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.
Para se inscrever, é necessário preencher a ficha de inscrição e enviá-la aos endereços eletrônicos: [email protected], [email protected], [email protected] e [email protected].
Conjuntura e propostas
Guilherme Carvalho, coordenador da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) Programa Amazônia no Pará, avalia que há semelhanças entre os cenários políticos dos países da região, como Peru e Brasil, que, segundo ele, apresentam um governo conservador voltado para uma política macroeconômica baseada na privatização e em uma maior abertura do mercado.Por isso, uma das propostas do fórum é analisar a relação da Pan-Amazônia no contexto da expansão do capital e dos novos acordos políticos que se constroem.
A China seria um dos atores mais relevantes neste cenário, segundo Carvalho, pois vem interferindo economicamente nas negociações de projetos estratégicos da região. "A gente ainda não consegue mensurar o poder que a China tem adquirido nos últimos anos, a influência que ela tem nas políticas nacionais, seja nos acordos comerciais, seja pelos investimentos diretos. É hoje o primeiro ou segundo parceiro da grande maioria dos países da Pan-Amazônia”, analisa.
Camila Moreno, autora do livro Brasil made in China (Fundação Rosa Luxemburgo, 2015, 116 páginas), afirma que, entre 2009 e 2013, o intercâmbio comercial entre Brasil e China aumentou 125,7%, passando de US$ 36,9 bilhões para U$$ 83,3 bilhões em produtos como soja, minério de ferro e petróleo.
Neste cenário, movimentos populares e comunidades tradicionais e indígenas têm denunciado violações de direitos ambientais e humanos e, por conta disso, lideranças têm sido ameaçadas por grandes empresas, afirma Carvalho. "Por isso, o Fórum se propõe a discutir formas inovadoras de articulação e construção de plataformas de lutas e mobilizações sociais na região, de modo a combater a criminalização dessas organizações", explica.
Também está na pauta do fórum o debate sobre as mudanças climáticas e os mecanismos de mercado propostos para a diminuição de seus efeitos, como os créditos de carbono. A chamada "financeirização da natureza", defende Carvalho, “tem um impacto terrível sobre as terras dos povos indígenas, extrativistas e quilombolas”.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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