Os policiais repetiram o que se fazia na época da ditadura civil militar
A polícia civil de Mogi das Cruzes e Guararema, de São Paulo, cometeu uma violência e ilegalidade total ao cercar a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), inclusive disparando balas letais contra pessoas que se encontravam na recepção da escola. Uma mulher ficou ferida e dois militantes foram presos.
Os policiais repetiram o que se fazia na época da ditadura civil militar que assolou o Brasil a partir de abril de 1964. Sem mandado judicial, os policiais agiram na base do prende e arrebenta, ação característica de um regime de força.
Esses agentes da repressão só fizeram isso por terem naturalmente recebido ordens superiores de figuras nefastas. Na verdade, a responsabilidade fica por conta do Governo do Estado de São Paulo, a quem os policiais civis obedecem à voz de comando.
É mais do que urgente apurar com todo rigor de quem partiu a ordem arbitrária cumprida à risca pelos policiais. E denunciar à nação. Geraldo Alckmin, o Governador paulista, tem responsabilidade direta sobre a ação policial que ameaça os movimentos sociais.
Não adianta agora fugir da responsabilidade da ocorrência com uma linguagem para evitar que se alcancem os verdadeiros responsáveis pela voz de comando que produziu a ação arbitrária.
Além disso, só o fato de a polícia investir contra a Escola Florestan Fernandes já fala por si só. Os responsáveis pela arbitrariedade querem com isso atemorizar especialmente o MST, que durante todos estes anos tem sido o administrador e responsável pelo sucesso e eficiência da escola, que ganhou notoriedade internacional, especialmente na América Latina.
A voz de comando que ordenou ação não se conforma com o sucesso do empreendimento e agiu como agiu por se sentir estimulada por um estado de exceção, vigente neste momento no Brasil e que tende a se agravar.
Não se exclui também a possibilidade de ação arbitrária ter sido ordenada como um balão de ensaio para outras arbitrariedades do gênero a serem cometidas de forma totalmente ilegal.
Por estas e outras, é mais do que urgente também que a sociedade brasileira reaja com o máximo rigor ao que foi feito pelos policiais que obedecem a ordens superiores para agirem contra a lei.
O silêncio não pode ser aceito pelos brasileiros com um mínimo de consciência, porque a não reação significa exatamente um sinal verde da continuidade do arbítrio, que alguns setores dos que neste momento integram e apoiam o governo ilegítimo mais querem.
Em suma: basta de violência estatal contra os movimentos populares. É preciso evitar que o Brasil prossiga numa longa noite escura nos moldes da anterior ditadura civil militar que tomou o poder através de um golpe de estado em abril de 1964, também com o apoio do Departamento de Estado norte-americano.
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