No dia 10 de outubro, mais de 200 estudantes ocuparam a reitoria da Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, contra a então PEC 241, atual PEC 55. A ocupação, primeira desse tipo em Pernambuco, durou uma semana. Nos dias seguintes, outras instituições de ensino superior começaram a ser ocupadas. Todas com o objetivo de barrar PEC, que congelará por 20 anos os investimentos públicos em educação e saúde.
Em todo o Brasil são mais de 1000 escolas e cerca de 60 universidades ocupadas e os números crescem a cada dia. Contra os retrocessos impostos pelo governo de Michel Temer, os estudantes mostram, a partir da prática e de reflexões, que é possível resistir.
No Recife, o Centro de Educação da UFPE está ocupado desde o dia 24 e a rotina tem sido de muitas atividades. “A ocupação foi preparada durante semanas, a partir do Comando Unificado de Mobilização da UFPE, que reúne professores, técnicos e alunos para preparar a greve geral. Aqui no CE, estamos nos dividindo em comissões de alimentação, segurança, infraestrutura, pedagógico/política e de culturais. A programação é pensada coletivamente e estamos num diálogo constante com a comunidade”, explica Robson, estudante de pedagogia.
O Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) e o Centro de Artes e Comunicação (CAC) da UFPE também estão ocupados desde a semana passada, no dia 30.10 o Centro de Ciências Biológicas também foi ocupado. A programação de atividades dos Centros tem sido construída com a colaboração dos professores, que tem realizado aulões, oficinas e debates. Atividades culturais como exibição de filmes e shows tem acontecido no período da noite e reunido estudantes, professores, servidores e a população do entorno.
Na Faculdade de Enfermagem da UPE (FENSG), a ocupação começou na terça (25.10), após assembleia com mais de 1000 estudantes. O prédio do Instituto de Ciência Biológicas e da Escola Superior de Educação Física também estão ocupados. “Todos os dias fazemos oficinas, rodas de diálogo sobre a PEC, sobre participação social e movimento estudantil entre outros assuntos. Realizamos também cine debates. A programação é definida nas reuniões do comando de greve, que tem diversas comissões”, afirma Alan Henrique, coordenador de graduação do Diretório Acadêmico de Enfermagem.
Sobre a conjuntura que impulsiona as ocupações, Alan Henrique reforça que a PEC 55 e a reforma do Ensino Médio são retrocessos gigantes. "Congelar os investimentos públicos em setores básicos como educação e saúde por 20 anos é desfinanciar o que já é subfinanciado. Além disso, tem essa proposta de reforma do Ensino Médio, que retira disciplinas como filosofia e sociologia da grade curricular. Isso é uma forma de impedir a formação de senso crítico na população. É muito sério”, reflete.
A militante do Levante Popular da Juventude, Rosa Amorim, entende que as ocupações são símbolos de resistência. “Se o sistema não está funcionando, a gente para ele. A educação vai ser paralisada pelo governo, corre o risco de não existir. A ocupação vem no sentido de paralisar como resistência. Não vamos funcionar, se estamos para perder todos os nossos direitos. Por isso, o Cine Olinda, mais de 1000 escolas e 50 universidades por todo país estão ocupadas. Estamos num processo de impulsionar uma greve geral”, comenta.
Todas as ocupações solicitam doações de alimentos, água e outros materiais (produtos de limpeza e higiene, cartolinas, etc). De acordo com os estudantes da UPE e da UFPE, os professores e a comunidade tem doado constantemente, garantindo a manutenção dos ocupantes. Nas páginas do Facebook das ocupações, todos os dias são divulgados o que mais precisam receber e também a programação de atividades do dia.
Edição: ---