UHE do Baixo Iguaçu

Agricultores atingidos por usina no PR resistem à reintegração de posse em ocupação

Acampadas há 22 dias na entrada do canteiro de obras da UHE do Baixo Iguaçu, famílias exigem avanço nas negociações

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Apesar das tentativas de negociação com o governo do estado, a PM esteve no local nesta segunda-feira (6) e garantiu que caso as famílias não desocupassem a entrada do canteiro de obras, a polícia voltaria para retirá-las
Apesar das tentativas de negociação com o governo do estado, a PM esteve no local nesta segunda-feira (6) e garantiu que caso as famílias não desocupassem a entrada do canteiro de obras, a polícia voltaria para retirá-las - Guilherme Uchimura

Cerca de 150 famílias de agricultores resistiram à tentativa de reintegração de posse pela Polícia Militar, na tarde desta terça-feira (8), em uma ocupação em frente aos portões de acesso ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica (UHE) do Baixo Iguaçu, localizada em Capanema, região Sudoeste do Paraná.

As famílias são integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e estão acampadas há 22 dias no local para reivindicar reassentamento e pressionar pelo avanço das negociações com o governo estadual e o Consórcio Energético Baixo Iguaçu, formado pela Copel e pela Neoenergia. 

“A empresa se nega a discutir a pauta com os atingidos pela usina e agora o Estado vai querer resolver a questão com força policial”, denuncia a coordenadora estadual do movimento, Nivea Diógenes. Ela afirma que as famílias exigem sair do acampamento com pelo menos uma reunião marcada com a empresa.

Negociações

Segundo afirma uma das lideranças estaduais do MAB, Sidnei Martini, a proposta apresentada pela empresa é contrária à reivindicação das famílias.

"As famílias não querem indenizações baseadas em carta de crédito para pequenos proprietários e não proprietários. Alguns exigem indenização em dinheiro e outros o reassentamento", afirma Martini. 

Na semana passada, em uma reunião em Curitiba entre o MAB e o governador Beto Richa, o secretário-chefe da Casa Civil do Paraná,Valdir Rossoni e com o assessor especial para assuntos fundiários, Hamilton Serighelli, o governo do estado ouviu as reivindicações dos atingidos pela usina e assumiu o compromisso de mediar o diálogo com a empresa.

Mas apesar das tentativas de negociação, a PM esteve no local nesta segunda-feira (6) e garantiu que caso as famílias não desocupassem a entrada do canteiro de obras, a polícia voltaria para retirá-las. Hoje, a PM deslocou quatro viaturas para a frente da ocupação e pressionou as famílias pela saída.

A ação é guiada por processo judicial que tramita no município de Capanema, movido pela empresa contra os atingidos, de acordo com o advogado do MAB, Guilherme Uchimura.

“Estou muito triste e decepcionada com as condições pelas quais estamos passando por conta desta empresa. Estamos sofrendo e não vemos nossos direitos. Não sabemos para onde vamos, não teremos mais casa para morar e queremos saber se o governo do estado fará alguma coisa ou se continuaremos nessa situação difícil”, questiona Judite, agricultora do município de Realeza.

A casa de Judite está entre as 1025 que serão afetadas pela UHE do Baixo Iguaçu. 

Áreas atingidas

As obras da UHE do Baixo Iguaçu estão localizadas na divisa entre Capanema e Capitão Leônidas Marques, mas também trará impactos em áreas dos municípios de Planalto, Realeza e Nova Prata do Iguaçu, na região Sudoeste do estado.

A construção da Usina iniciou em julho de 2013. Ela será a sexta de grande porte a funcionar ao longo do Rio Iguaçu. Já estão construídas no leito do maior rio do estado as hidrelétricas Foz do Areia, Governador Ney Aminthas de Barros Braga (antiga Salto Segredo), Salto Caxias, Salto Osório e Salto Santiago.

O Consórcio Energético Baixo Iguaçu é formado pela Neoenergia e pela Copel, com participação de 70% e 30%, respectivamente. As empresas poderão explorar a Usina por 35 anos.

Edição: Camilla Hoshino

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