Com a repercussão positiva das manifestações organizadas pelos servidores estaduais contra o pacote de medidas anunciado pelo governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB), um novo ato foi marcado para a próxima quarta-feira (16). Desta vez, os servidores prometem o maior protesto das últimas semanas. Com concentração na Candelária, a manifestação seguirá até a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), local em que os servidores permanecerão em ocupação.
Na última manifestação realizada na tarde desta quarta-feira (9), cerca de 3 mil pessoas se reuniram em frente ao Palácio Tiradentes, no centro da cidade. O ato foi convocado pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais do Rio de Janeiro (Muspe), com participação representativa do Sindicato dos Servidores do Tribunal de Contas (Sindservtce) e do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário (SindJustiça).
"O judiciário estadual está em greve desde o dia 23 e o objetivo principal do nosso movimento é a recomposição salarial das perdas acumuladas, que já chegam há 20%. Estamos aqui ainda para lutar contra a PEC da maldade, tramitando no Senado, e também contra as medidas anunciadas pelo Pezão, que se levadas para frente vão acabar de vez com o setor público", afirmou o servidor do judiciário estadual Alex Dias, 42 anos.
Enquanto os manifestantes, vestidos de preto, protestavam contra o “pacote de maldades” - modo como foram apelidadas as propostas do governo estadual - o presidente da Alerj, Jorge Picciani (PMDB), concedia uma entrevista coletiva aos jornalistas. Em sua fala, o deputado assegurou que irá devolver ao governador o projeto de lei que prevê contribuição extra aos servidores ativos e inativos de 16% à previdência. Quando a notícia foi anunciada pelo carro de som da manifestação, a multidão em frente ao Palácio Tiradentes comemorou.
“Somos trabalhadores do povo e trabalhamos para o povo. Querem arrasar conosco, mas não vamos permitir. Seguiremos lutando ainda mais após essa significativa vitória”, falou ao microfone o professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Luiz Cláudio Santos.
Segundo relatos dos trabalhadores que estavam reunidos no ato, a maior motivação para protestar vem da decisão do governador de repassar as dívidas da crise para a população pagar. “Sou servidora pública há 27 anos, estou aqui porque esse boicote vai nos prejudicar muito, principalmente os aposentados. Estamos com salários atrasados e ainda vamos perder grande parte dele. É um absurdo”, disse a servidora pública Sandra Soares, 58 anos.
Mesmo que Picciani tenha anunciado que a Alerj não votará a alíquota extra, as outras medidas serão discutidas pela casa parlamentar, inclusive o aumento da taxação previdenciária, de 11% para 14%. Segundo a agenda da Alerj, as votações acontecerão até na véspera de Natal e terminarão no dia 30 de dezembro.
“É uma vergonha que a gente tenha que pagar o preço da corrupção e da má administração desses governadores que ao longo de muitos anos não sabem o que fazem da máquina pública e ainda desviam nosso dinheiro. Nós não vamos pagar esse preço, já que não somos os culpados dessa crise”, afirmou a psicóloga Vânia Farias Leite, 48 anos.
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