O governo da Venezuela e a oposição divulgaram no último sábado (12) uma declaração conjunta denominada "Conviver em paz", na qual ambos se comprometem a cumprir a Constituição do país e expressam seu "firme compromisso" com uma convivência "pacífica e construtiva" que "expatrie a violência".
O representante do governo, Jorge Rodríguez, e o da Mesa da Unidade Democrática (MUD), Carlos Ocariz, leram sucessivamente perante os jornalistas a declaração conjunta ao término da segunda reunião plenária de diálogo, que se prolongou por cerca de quatro horas em um hotel de Caracas.
O documento afirma que ambas partes querem falar "ao povo da Venezuela" não como governo e oposição, mas em "uma condição para reconhecer e promover o consenso, a de cidadãos da Venezuela, compatriotas do bem comum, que está acima de nossas legítimas diferenças".
“Fizemos reinar a paz e a tranquilidade na Venezuela”, afirmou o presidente venezuelano Nicolás Maduro no domingo (13), que também considerou neste sábado que os resultados do diálogo entre seu governo e a oposição, pelo qual ambos se comprometem a trabalhar juntos em diversas questões, são "excelentes avanços para a paz e a prosperidade do país".
O governo e a MUD se comprometeram a que suas diferenças políticas “só tenham uma resposta no estrito marco constitucional, um caminho democrático pacífico e eleitoral”, asseguram.
Além disso, os delegados do governo venezuelano e da aliança opositora decidiram implementar em breve medidas para melhorar o abastecimento de alimentos e remédios que escasseiam no país.
"O governo nacional e a MUD (...) decidiram priorizar no curto prazo a adoção de medidas orientadas ao abastecimento de remédios e alimentos, sobre a base de contribuir para promover sua produção e importação", disse aos jornalistas o enviado do Vaticano para o diálogo, Claudio María Celli.
Em sua conta na rede social Twitter, Maduro publicou o texto completo dos acordos fechados entre as duas partes e pediu para lê-los e difundi-los.
Oposição pede retomada de julgamento contra Maduro
O Vontade Popular (VP), partido político fundado e liderado pelo opositor preso Leopoldo López, questionou neste domingo (13/11) os acordos alcançados ontem na mesa de diálogo e instou o parlamento, de maioria opositora, a retomar o "julgamento político" contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
Por meio de um comunicado, o VP declarou que o processo de diálogo - no qual participam representantes do governo e da aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) - até agora foi "inoficioso" e não resolve "a principal aspiração do povo venezuelano: escolher um novo governo".
Por isso, o partido de López sugeriu a formação de um "Grande Movimento Cívico de Defesa da Constituição" para conseguir que o parlamento retome o "julgamento político" e declare o abandono do cargo de Maduro "para eleger um novo presidente", um caminho que o chavismo assegura ser inviável.
Este processo foi suspenso na Assembleia Nacional por decisão da maioria opositora, apesar da rejeição do VP, como um "gesto de boa vontade" da MUD para fazer avançar as negociações, que são apoiadas pelo Vaticano e pela Unasul (União de Nações Sul-Americanas).
Nessa linha, a aliança opositora tinha decidido adiar as manifestações de rua, entre elas uma que estava prevista para 3 de novembro e que teria como destino o palácio presidencial de Miraflores, convocação que foi vista como um plano golpista por parte do governo.
Entre os acordos anunciados no sábado ao término da segunda plenária de diálogo estão que o Supremo Tribunal suspenda o status de desacato imposto ao parlamento, a eleição de dois novos reitores eleitorais, a busca de soluções para o abastecimento de remédios e alimentos e, segundo a MUD, novas libertações de opositores presos.
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