O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho (PMDB) foi preso preventivamente pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (17). Em investigações, ele é apontado como envolvido em um suposto esquema de propinas em obras públicas no estado, cujo valor total é estimado em R$ 220 milhões.
Cabral foi preso na zona sul da capital fluminense. Outras nove pessoas também foram detidas. A operação, batizada Calculite, foi coordenada pelas forças-tarefa da Lava Jato no Rio e no Paraná.
Caso
As prisões desta quinta-feira tiveram como base os conteúdos das delações premiadas de empresários das construtoras Delta, Andrade Gutierrez e Carioca Engenharia.
São apontados a ocorrência dos seguintes crimes: pertencimento à organização criminosa, corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem de dinheiro, entre outros.
Cabral e os outros detidos pela Calculite são suspeitos de terem recebido propina em troca da concessão de contratos de obras públicas. Alguns dos casos citados são a reforma do Maracanã para a Copa 2014, PAC Favelas e o Arco Metropolitano. O Ministério Público Federal (MPF) afirma que há evidências de que Cabral recebeu R$ 2,7 milhões em espécie da Andrade Gutierrez por um contrato para obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Rogério Nora de Sá e Clóvis Peixoto Primo, da Andrade Gutierrez, afirmaram em depoimento que Cabral cobrou pagamento de 5% sobre o valor do contrato para permitir que a empreiteira se associasse à Odebrecht e à Delta - empresa cujo dono, Fernando Cavendish, amigo do ex-governador, foi preso em julho - formando o consórcio que disputaria a licitação da reforma do estádio Maracanã. Após a delação premiada dos dois, Cabral negou as afirmações.
De acordo com ambos, executivos das empreiteiras se reuniam no Palácio Guanabara, sede do governo, para discutir contratos e valores de propinas em grandes obras. Nos depoimentos da Carioca Engenharia, apontou-se o pagamento de R$ 176 milhões ao grupo político de Cabral.
Edição: José Eduardo Bernardes
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