Violência Policial

PM usa bombas e gás lacrimogêneo contra estudantes que protestavam na UFMG

Ficaram feridos 15 estudantes, e um deles foi levado ao hospital

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Cerca de 100 estudantes protestavam na avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte, quando foram reprimidos pela Polícia Militar
Cerca de 100 estudantes protestavam na avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte, quando foram reprimidos pela Polícia Militar - Ana Carolina Vasconcelos

A Polícia Militar de Belo Horizonte (MG) reprimiu um protesto de cerca de 100 estudantes contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55 (antiga PEC 241), que prevê o congelamento de gastos públicos por até 20 anos. O ato bloqueava vias da capital mineira na manhã desta sexta-feira (18).

Os estudantes secundaristas realizavam o protesto na região da Pampulha, no sentido da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), para encontrar estudantes universitários. Por volta das 11h da manhã, a Polícia Militar usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes na Avenida Antônio Carlos. Ficaram feridos 15 estudantes, e um deles precisou ser levado ao hospital.

"Quando o ato chegou em frente à portaria [da UFMG] da Antônio Carlos, a polícia apareceu e pediu para que liberassem uma faixa. No momento em que o pessoal estava liberando a faixa, a polícia atirou bombas de gás lacrimogêneo e de borracha. Os manifestantes, que protestavam de forma pacífica, começaram a correr em direção à universidade. A polícia entrou dentro da UFMG e continuou atirando", relatou Ana Carolina Vasconcelos, coordenadora do Diretório Central dos Estudantes da UFMG.

De acordo com a estudante, alguns alunos da universidade que nem participavam do ato foram atingidos pelas bombas e tiros. Para ela, a polícia agiu excessivamente.

"Era uma manifestação que estava sendo tranquila. Não houve agressão nenhuma por parte dos estudantes. Foi uma manifestação legítima, inclusive, reconhecida pela universidade por ser contra a PEC 55 e em defesa da educação pública. Existem fotos e vídeos que comprovam a nossa versão. E a polícia agiu de forma truculenta e decidiu agredir os estudantes que estavam exercendo seu direito de manifestar", afirmou Vasconcelos.

Posição

Em entrevista ao portal O Tempo, o capitão Flávio Santiago, chefe da sala de imprensa da Polícia Militar, afirmou que a intervenção dos militares foi necessária já que não houve acordo com os estudantes.

"A Polícia Militar, exaustivamente, negociou com os manifestantes, mas eles fecharam o trânsito por completo e foram irredutíveis na liberação de, pelo menos, uma válvula de escape para o trânsito. Tivemos chamados, inclusive, de pessoas que precisavam de atendimento médico e estavam com dificuldades de passar pelo local", explicou.

Ainda, segundo o capitão, alguns estudantes jogaram pedras e pedaços de madeira contra os policiais que revidaram com os tiros de balas de borracha. "A situação já resolvida: o trânsito foi liberado e a Polícia Militar permanece no local, garantindo o direito de manifestação e a fluidez no trânsito", finalizou.

O governador do estado de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), também fez uma declaração em sua página do Facebook lamentando o ocorrido. "A propósito do lamentável fato ocorrido nesta manhã, no Campus da Pampulha UFMG, quero aqui ratificar o mais profundo respeito à liberdade de manifestação dentro dos princípios democráticos e dos ordenamentos legais, orientação que sempre pautou este governo. Os excessos de procedimento que porventura possam ter ocorrido nesse episódio serão devidamente apurados, com divulgação à sociedade", disse.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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