Indígenas Munduruku produziram livro que cataloga as plantas e animais como fonte de alimentação. O livro ‘Kuyjeat Posũg̃ – Saúde e alimentação’ será distribuído as 48 escolas indígenas localizadas na região dos municípios de Itaituba e Jacareacanga no estado do Pará.
André Ramos, indigenista e historiador na Fundação Nacional do Índio (Funai), informa que os autores indígenas fizeram parte do curso Magistério Intercultural pelo Projeto Ibaorebu de Formação Integral Munduruku, executado pela Funai tendo a parceria do Instituto Federal do Pará, campus rural de Marabá.
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O livro aborda o uso das plantas medicinais e a riqueza nutricional de animais que os indígenas costumam caçar como o porco-do-mato e a anta e valoriza a alimentação natural em contraponto a alimentos industrializados, o que prejudica a saúde dos povos indígenas.
Por hora, livro teve uma tiragem de 500 exemplares, mas a ideia é que mais exemplares sejam impressos. Ramos acredita que há aproximadamente cerca de 3.600 estudantes indígenas Munduruku do ensino fundamental nas 48 escolas e o objetivo é que todos possam ter acesso à publicação, visto que há uma carência de material didático em língua indígena.
O livro é todo escrito na língua que leva o mesmo nome da etnia. A linguística Munduruku, vem da raiz Tupi. A palavra significa ”formigas vermelhas”, em alusão aos guerreiros Munduruku que atacavam em massa os territórios rivais.
O historiador da Funai conta que as ilustrações foram feitas pelos indígenas e que pesquisa que deu origem ao livro foi resultado de uma oficina ministrada sob a orientação do professor Cailo Almeida e pelos professores indígenas Claudeth Saw e Zenildo Saw. “Se você não tem material didático para os povos indígenas, para os camponeses e para os quilombolas você não possui de fato uma educação intercultural”, aponta.
Maria Leusa Munduruku, 29 anos é coordenadora do movimento Iteregayo, ela fez parte do curso e relata que os alunos pesquisaram e entrevistaram os mais antigos para relatar sobre os hábitos alimentares.“Esse livro é importante porque vai repassar o conhecimento tradicional para os nossos filhos na nossa língua”, afirma.
Edição: Juliana Gonçalves
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