Na quinta-feira passada (17), os trabalhadores do setor público anunciaram o cesse das mobilizações, após da aprovação do ajuste salarial de 3,2% no Congresso Nacional do Chile. “É evidente que o resultado final deste processo legislativo de ajuste geral é um resultado de rechaçamos”, manifestou Carlos Izunsa, coordenador da Mesa do Setor Público (MSP).
Gonzalo Durán, economista da Fundação Sol, afirmou em entrevista ao portal El Ciudadano que o governo apenas repôs a inflação do último ano. “Aqui não houve uma negociação sobre como aumentar o valor da força de trabalho. Simplesmente, mantém o poder aquisitivo que, entre muitos trabalhadores, não é verdade, pois muitas vezes eles estão endividados e submetidos a taxas de juros muitos maiores que 3%”, explicou.
Segundo o economista, o resultado no Congresso evidencia que “ existe uma filosofia política de não ter trabalho como eixo central do desenvolvimento do país” e que “esse sustento ideológico entende o trabalho com um elemento secundário, sem poder, que não debe participar nas construções que atingem a sociedade. Então, para conseguir esse objetivo, basicamente tem que debilitar a posição dos trabalhadores e restringir os seus direitos ao máximo”.
Os resultado da disputa não só atinge ao setor publico, como afirmou o pesquisador, o teto salarial sancionado debilita a capacidade de negociação dos trabalhadores do setor privado; e agregou que o problema laboral do setor público vai além dos salários e não foge da realidade do emprego precário no Chile.
Os trabalhadores do setor público estão bem organizados no Chile: mais do 80% estão filiados em sindicatos, em comparação com 10% no setor privado. É o único setor que realiza negociações coletivas em todo o país. Durante a jornada de negociação, as trabalhadoras e os trabalhadores públicos mantiveram uma paralisação de mais de 20 dias.
Edição: Camila Rodrigues da Silva
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