Eleições

Sistema político dos EUA vive mal-estar, afirma ministro boliviano

Juan Ramón Quintana disse que eleitores votaram contra “desajuste entre cidadania e poder”

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
"Como não vai estar desajustada a sociedade norte-americana se hoje tem 50 milhões de pobres?”, aponta Quintava
"Como não vai estar desajustada a sociedade norte-americana se hoje tem 50 milhões de pobres?”, aponta Quintava - Gage Skidmore

O ministro da Presidência da Bolívia, Juan Rámon Quintana, comentou o resultado das eleições dos EUA. Segundo ele, a vitória de Donald Trump representa um mal-estar em relação ao sistema político norte-americano.

“É muito difícil entender o modelo de democracia dos Estados Unidos e precisamente contra esse modelo votaram seus eleitores, contra o desajuste entre cidadania e poder”, analisou Quintana durante o programa "Histórias à Queima Roupa", da Bolívia TV. As declarações foram dadas no último domingo (20).

Quintana, que é ex-militar e sociólogo, afirma que o descompasso entre governantes e governados faz do modelo político dos EUA um sistema pouco representativo: “Há um mal-estar do cidadão contra um modelo que usurpa a decisão do povo ao votar. Ao cidadão, lhe exige quase com uma pistola na nuca que pague seus impostos, mas esse cidadão é incapaz de votar por quem vai governar e sobre o que vai governar", comentou. “O 1% que integra o Colégio Eleitoral nesse país decide sobre os 120 milhões de votantes, por tanto há um desajuste entre a cidadania e o poder”.

O resultado das eleições, para ele, podem ser interpretados como um misto de cansaço e enfado, bem como de aversão à possibilidade de as coisas continuarem como estão. Esse conjunto de fatores teriam levado à vitória republicana. "É a perda de prestígio dos Estados Unidos frente às guerras pagas pelos contribuintes, à derrota, ao custo econômico, o medo de ver-se envolvidos nas guerras e a rejeição aos grandes negócios globais o que precipitou a derrota de Hillary Clinton".

O ministro lembrou que os EUA vivem uma situação social delicada. “Como não vai estar desajustada a sociedade norte-americana se hoje tem 50 milhões de pobres”, questionou, “se há 350 milhões de armas circulando livremente nas ruas, mais de 2 milhões e meio de cidadãos em cárceres administrados por empresas privadas?”.

Nesse sentido, o boliviano avalia que as elites econômicas e política dos EUA estão levando o país a um contexto grave: “Há um desajuste das elites, que estão levando ao declínio os Estados Unidos e, obviamente, há uma tendência muito forte a um tipo de colapso”, ressaltou.

De outro lado, Quintana afirma que, do ponto de vista latino-americano, a vitória da democrata não representaria grandes diferenças em relação a Trump. “Estou certo que com Hilary Clinton íamos ter mais guerras dos Estados Unidos no mundo, e com certeza se propiciaria um golpe de Estado na Venezuela, se incrementariam os projetos de desestabilização contra a Bolívia e o Equador”, indicou.

Edição: José Eduardo Bernardes

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