Fatos culminaram com a execução de sete pessoas
Os moradores do Rio de Janeiro seguem impactados e indignados com os acontecimentos na Cidade de Deus e exigem a apuração dos fatos que culminaram com a execução de sete pessoas, possivelmente por ação da Polícia Militar. Inicialmente, os meios de comunicação, leia-se, sobretudo a Rede Globo, informaram que a derrubada do helicóptero que resultou na morte de quatro policiais militares tinha sido ocasionada por bandidos em confronto com as forças de segurança.
No primeiro laudo constatou-se que o helicóptero acidentado não tinha perfurações de bala. Na divulgação da notícia segundo a qual o helicóptero tinha caído depois de ter sido atingido por balas, a PM teria se vingado e executado os sete moradores encontrados mortos. Trata-se de uma ocorrência extremamente grave e que precisa ser rigorosamente investigada.
Há outras questões que precisam ser também investigadas. Um helicóptero voando a 600 metros de altitude deveria ter para quedas para os seus ocupantes. É de praxe tal apetrecho em qualquer aeronave ou não?
Então, o que aconteceu de fato com o aparelho usado na operação pela PM na Cidade de Deus?
Partindo das várias hipóteses sobre a queda, mesmo que o helicóptero tivesse sido atingido por tiros, se existissem para quedas, possivelmente os quatro poderiam ter se salvado. Se aconteceu mesmo um problema técnico que resultou na queda do helicóptero, como sugerem os primeiros laudos, mais ainda seria fundamental a utilização dos para quedas.
Os trágicos acontecimentos que resultaram em onze mortos não podem mais ser esquecidos e escondidos da opinião pública, que não deve ser iludida no que concerne à divulgação das verdades, mesmo sendo elas ilustrativas da incompetência e do autoritarismo das autoridades. No caso dos sete executados, negros e pobres, não é de hoje que a PM age dessa forma quando realiza operações em áreas carentes da cidade do Rio de Janeiro.
Teve até uma vez que o ex-governador Sergio Cabral (PMDB) chegou afirmar que era diferente a ação da polícia em bairros como Ipanema e os de áreas carentes. É dessa forma que as autoridades dão sinal verde para a polícia agir de forma absolutamente ilegal e autoritária em áreas carentes.
Como o atual Governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) é de fato uma continuidade de Cabral, do qual foi vice, o que acontece no Rio é uma rotina trágica das gestões anteriores.
A repetição de tais fatos que chegam a virar até rotina só acontecem porque prevalece a impunidade. Mesmo se eventualmente os executados em operações policiais tenham antecedentes criminais, não se justifica o fuzilamento sumário, como ao que tudo indica aconteceu na Cidade de Deus e que precisa ser investigado. Cabe então ao Governador de Estado, a quem teoricamente a PM deve obediência, ordenar uma rigorosa apuração dos fatos.
Se isso não acontecer, em pouco tempo os moradores da cidade do Rio de Janeiro ficarão mais uma vez impactados e indignados com a violência e a impunidade.
Acabar com esse estado de coisas lastimável é uma questão de vontade política que o atual governador Pezão, o anterior Cabral e mesmo o eventual substituto, Francisco Dornelles nunca tiveram.
Mas o Rio de Janeiro não pode continuar seguindo o que Pezão, Cabral e Dornelles ditam para os seus subordinados nas polícias civis e militares.
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