Nesta sexta-feira (25.11), Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher e Dia Nacional de Paralisação contra a PEC 55, oito centrais sindicais e as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo realizaram um série de atividades ao longo do dia,em todo Brasil, com o mote "Nenhuma mulher a menos, nenhum direito a menos!". Em Pernambuco, no início da manhã, as mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), realizaram trancamentos na BR 101 em dois pontos: em Escada, Litoral Sul, e em Goiana, Litoral Norte. Em Santo Aleixo, Jaboatão dos Guararapes, a BR 232 também foi trancada.
No período da tarde, em Recife, um grande ato teve concentraçāo na Praça do Derby, área central da cidade, às 15h. Diversos movimentos feministas e coletivos de mulheres, junto com as centrais sindicais e as duas frentes de mobilizaçāo, saíram em marcha por uma das principais avenidas da cidade, a Conde da Boa Vista, para denunciar o racismo, a violência contra as mulheres e os ataques do Governo Temer aos direitos sociais.
Carlos Veras, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) de Pernambuco, afirma que é um momento de acúmulo do forças das trabalhadoras e trabalhadores. "É um momento de construção da unidade política, tão necessário para fazer o enfrentamento ao Governo de Temer. Por isso, os trabalhadores param a produção, como uma forma de pressionar os patrões e o governo nessa luta contra a PEC 55. Ao todo, foram 12 pontos de paralisação em Pernambuco e muita gente compareceu ao ato", afirma Carlos Veras.
Ele coloca que uma série de direitos estão ameaçados na atual conjuntura. "A mobilização de hoje é contra a privatização da saúde e da educação, contra a reforma da previdência e contra a reforma das leis trabalhistas. Isso impacta de forma muito negativa a vida da população. Além disso, também é contra a reforma do Ensino Médio, que retira do currículo matérias importantes para a construção do pensamento críticos das pessoas", observa.
A violência contra a mulher foi pauta central desse dia. Em Pernambuco, de acordo com o Mapa da Violência 2015, a cada 100 mil mulheres, 5,5 são assassinadas.Apenas quatro casas-abrigo para mulheres ameaçadas de morte estão funcionando no Estado, bem como dez delegacias especializadas e 19 centros de referência.Um quantitativo que não atende a demanda.
Liana Araújo, da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT PE, reflete sobre a união da pauta da violência contra a mulher e a luta contra a PEC 55 neste dia de mobilização: "A violência conta a mulher se dá de muitas maneiras. Em Pernambuco, temos altos índices de violência e um Estado omisso nessa questão. Uma das formas de violência que atinge as mulheres é no mercado de trabalho. Ocupamos os postos mais precarizados. A PEC 55 e as reformas colocam as mulheres no olho do furacão. Pois, congelam investimentos, principalmente, nos setores da educação e saúde, onde a maioria dos postos são ocupados por mulheres".
O ato desta sexta-feira também foi a última atividade da Jornada Feminista de Enfrentamento ao Racismo e à Violência contra a Mulher, iniciada no dia 11 de novembro pelo Comitê de Mulheres Pela Democracia de Pernambuco. Entre as reflexões, está a cobrança de políticas públicas efetivas no estado para dar conta dessa realidade. Sílvia Camurça, da ONG SOS Corpo, afirmou em coletiva sobre o ato: " é preciso que se crie uma política integrada e integral, na qual seja pensada educação, saúde, assistência social. Em Pernambuco,a política consiste em formação de professores (duas oficinas por escola) e campanhas publicitárias nas festividades. Isso não é eficaz".
Mônica Oliveira, integrante da Rede de Mulheres Negras de Pernambuco, destaca como o racismo é um elemento determinante dessa realidade. "Quando você observa os dados de violência, vê que mais de 80% das mulheres vítimas são negras.As mulheres negras, pobres e periféricas, entre 18 e 30 anos, são as principais vítimas de violência no nosso país. Como as políticas públicas devem enfrentar essa questão? Na periferia, as condições são ainda mais precárias. Não há monitoramento nesses lugares. Quando a mulher volta pra casa de transporte público e a parada é longe de casa e as ruas estão escuraras, ela fica exposta a um risco muito maior", explica Mônica.
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