Há um ano, aconteceu o que ficou conhecido como massacre de Costa Barros. Policiais militares do 41° BPM - o batalhão mais letal do Brasil - dispararam 111 vezes, contra um carro em que encontravam-se 5 jovens negros. A comoção nas redes sociais, no começo, foi grande, mas depois de um tempo foi perdendo espaço para outras tragédias e chacinas. Quando a mídia perdeu o interesse e a comoção perdeu força, quem continuou buscando justiça foram os familiares, amigos das vítimas, algumas organizações de Direitos Humanos e a defensoria pública.
Quase completando 1 ano, a história desses cinco jovens negros voltou a circular nas redes e quase sempre com o justo pedido de punição aos agentes públicos que cometeram o crime. Por algum tempo, esses policiais responderam em liberdade mas voltaram para cadeia e aguardam presos o julgamento que deve acontecer ano que vem.
De nada adianta apenas criminalizar os Policiais Militares que executaram os cinco rapazes, sem pensar no respaldo social que eles tiveram para isso. Os policiais não praticaram desvio de função; eles apenas fizeram e continuam fazendo o que grande parte da população brasileira queria e ainda quer que eles façam: matar bandido. Vale lembrar que, em uma pesquisa recente do Datafolha, 57% da população brasileira concordava com a frase “bandido bom é bandido morto”. Porém, nesse caso, eles erraram o alvo e executaram sumariamente inocentes.
Em um lugar onde se cultua a violência policial e se deixa agentes fortemente armados, despreparados, exaustos por não gozarem de descanso necessário, com um elevado número de morte de colegas, em serviço ou não, se possibilita situações perfeitas para que os mesmos ''errem o alvo'' com bastante frequência.
Independente do resultado do julgamento do caso do massacre de Costa Barros, enquanto não mudarmos o senso comum sobre o papel dos nossos policiais na segurança pública, vários outros jovens negros continuarão sendo fuzilados voltando de seus passeios.
Rodrigo Mondego é advogado
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