Entre segunda (5) e quarta-feira (7), acontece a VIII Feira Estadual da Reforma Agrária Cícero Guedes, no Largo da Carioca, no centro do Rio de Janeiro. O evento, já conhecido pelos cariocas, expõe e comercializa a produção das famílias assentadas de vários estados brasileiros e é realizado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).
Neste ano, a feira será maior do que nas edições anteriores. A organização estima que durante os três dias serão comercializadas mais de 150 toneladas de alimentos. Os produtos são resultado do trabalho de 150 agricultores assentados, sendo 130 do estado do Rio e os outros 20 de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Confira a versão em áudio da matéria (para baixar o arquivo, clique na seta à esquerda do botão compartilhar):
A diversidade dos alimentos oferecidos é uma das características da feira. Entre sucos de uva integral, frutas, variados tipos de feijão e arroz, legumes, verduras, produtos derivados da cana-de-açúcar, ervas medicinais, fitoterápicos e fitocosméticos, os visitantes podem escolher produções in natura ou industrializadas das principais cooperativas, associações e assentamentos do país.
“Além de ser espaço de comercialização, a feira é espaço de diálogo com a sociedade. Assim podemos apresentar na prática o que é a reforma agrária, mostrando nosso trabalho e trazendo produção de qualidade para a população da cidade, que são resultados da luta pela terra”, explica Amanda Matheus, 37 anos, que compõe o assentamento Roseli Nunes, em Piraí, interior do Rio.
Parte da produção que vem dos assentamentos é agroecológica. Ela é fruto de um trabalho que vem sendo construído dentro do MST para que os assentamentos façam a transição da agricultura convencional para a agroecológica. Com isso, o movimento visa garantir a segurança e a saúde dos agricultores e dos consumidores.
“A agricultura agroecológica é um outro modelo de produção, que valoriza a terra, a água, os bens naturais, trazendo um alimento mais saudável e mais valorizado. A feira é o ambiente da diversidade, que mostra que a alimentação não é só uma necessidade biológica, mas também tem seu papel cultural e político. É um espaço de socialização do conhecimento”, ressalta Nívia da Silva, da direção do MST.
Além da produção dos assentamentos, o evento ainda reúne apresentações culturais, shows e oficinas. Na programação de segunda-feira (5), a partir das 15h, será realizada a oficina audiovisual “Luta em Foco: A Experiência do Coletivo de Juventude do MST região baixada fluminense”.
Já na terça-feira (6), a roda de conversa “Reflexões da conjuntura Política e Agrária e os desafios da Reforma Agrária Popular” acontece a partir das 9h30. No mesmo dia a partir das 15h, a oficina “Saúde pela Terra - Produção de fitoterápicos e fitocosméticos” tem início. Na quarta (7), às 9h30, é a vez de discutir sobre “Os agrotóxicos e Transgênicos e seus impactos sobre a Segurança e Soberania Alimentar”.
A feira foi batizada com o nome " Cícero Guedes" em 2013, em homenagem ao agricultor e militante do MST assassinado por pistoleiros no dia 25 de janeiro de 2013, nas proximidades da Usina Cambahyba, no Município de Campos dos Goytacazes, no Rio.
Além de uma grande liderança na luta pela Reforma Agrária, Cícero Guedes era considerado uma referência em conhecimento agroecológico, por conta das técnicas agrícolas sustentáveis que utilizava em seu lote no Assentamento Zumbi dos Palmares, tendo sido também um importante colaborador de vários projetos de pesquisa e de extensão da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).
A programação completa pode ser acessada na página do Facebook.
Edição: ---