Depois de dois anos e três meses de trabalho, a Comissão da Memória e Verdade da Prefeitura de São Paulo entregou seu relatório final, que fornece ao governo e aos cidadãos paulistanos uma lista com 36 recomendações que deverão nortear o poder executivo municipal a avançar o processo de reparação das vítimas da ditadura. A entrega e apresentação aconteceu nesta quinta-feira (15).
Para produzir as recomendações, a Comissão, que nasceu por iniciativa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da gestão de Fernando Haddad, se debruçou sobre as diversas formas de colaboração da prefeitura com a repressão entre 1964 e 1988.
Em 400 páginas divididas em dois volumes, é denunciada, por exemplo, a maneira como a Prefeitura reprimiu movimentos populares e a liberdade sindical, chegando a prender e torturar a diretoria da Associação de Servidores da Prefeitura Municipal.
O relatório também registra o apoio da gestão de Paulo Maluf no sentido de garantir estrutura – como pavimentação, água e luz – ao prédio onde funcionaria, clandestinamente, a Operação Bandeirante, mais tarde DOI-Codi, centro de tortura e informação dos militares.
Além disso, o documento revela que, com a cooperação da Prefeitura, 47 corpos de opositores do regime assassinados pela repressão foram sepultados como indigentes, sem o conhecimento de suas famílias entre 1969 e 1976. Ainda hoje, 17 deles permanecem desaparecidos.
O relatório completo está disponível em PDF.
Edição: Simone Freire
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