Comunicação

Em greve, funcionários são impedidos de entrar em televisão pública do RS

Servidores da TVE e da FM Cultura não têm acesso ao prédio até próxima segunda-feira (26)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Funcionários estão em greve para acompanhar votação de pacote de Sartori (PMDB)
Funcionários estão em greve para acompanhar votação de pacote de Sartori (PMDB) - Governo Rs

Servidores da TVE e da FM Cultura, emissoras públicas do estado do Rio Grande do Sul, estão impedidos de entrar na sede dos veículos, localizados no bairro de Santa Tereza, em Porto Alegre, capital gaúcha. O acesso, segundo os funcionários, foi bloqueado nesta segunda-feira (19) e só deve ser retomado na próxima segunda (26).

Os funcionários dos veículos, vinculados à Fundação Piratini, decretaram greve na última sexta-feira (16). Eles acompanham durante a semana as votações do Pacote do governo Satori (PMDB).

Bloqueio

Os servidores ouvidos pelo Brasil de Fato negaram boatos de que a Brigada Militar tivesse invadido a sede das emissoras e expulsado os trabalhadores lá presentes.

“A Brigada não invadiu”, explica Gabriela Barenho, produtora executiva e delegada sindical dos radialistas na Fundação Piratini. Segundo ela, os “seguranças [privados] foram trocados”, impedindo novos acessos no prédio.

Barenho confirma, entretanto, que os trabalhadores presentes no edifício foram retirados de lá. “Nós estamos em greve. A estranheza é que nós havíamos combinado com a direção uma determinada programação, transmitindo a votação, mas isso não foi levado a diante. Tiraram os funcionários que seriam necessários para isso”, relatou a funcionária.

De acordo com José Fernandes, representante dos funcionários no Conselho Deliberativo da Fundação Piratini, a ideia era retransmitir a programação de outro canal público, para que a população acompanhasse o debate em torno do pacote de Sartori.

“A TV estaria plugada na TV Assembleia, transmitindo a votação. A Rádio teria uma programação musical feita previamente. Veio uma ordem do Palácio Paratini para que eles fossem para casa e só retornassem na próxima segunda-feira [26]”, diz.

O desacordo com o pacto entre o movimento grevista e a direção dos canais foi além. “Simultaneamente a isso [bloqueio do edifício], as pessoas em cargos de confiança retiraram os servidores públicos da administração das páginas de redes sociais dos programas, que são administradas pelos servidores”, relata Lucas Guarnieri, servidor da TVE.

Extinção

Parte do pacote de Sartori referente à existência das próprias TVE e FM Cultura é votado nesta terça-feira (20). “O Projeto de Lei 246 prevê o fim de seis fundações, entre ela, a Piratini, responsável pela TVE e FM Cultura”, explica Fernandes.

Ele diz que o futuro previsto pelo governo para as emissoras é incerto, podendo chegar à extinção. Mesmo que não acabe, o cenário não seria favorável.

“As informações do governo são desencontradas. Primeiro, falaram que a Fundação seria extinta, mas que a TV e a rádio continuariam funcionando vinculadas à Secretaria de Comunicação - ou seja, se tornariam veículos de governo - com 'quadro mais enxuto'. Ontem [19], o vice-governador disse o contrário, que, na verdade, os canais deixariam de existir", finaliza.

A reportagem entrou em contato com o governo do estado do RS, com a TVE e com a Rádio FM Cultura, mas até o fechamento desta edição não havia obtido retorno. 

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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