O relatório anual da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) sobre mortalidade na profissão de jornalista, divulgado nessa segunda-feira (19), revela que o México foi o país em paz onde mais de matou jornalistas em 2016. Neste ano, dos 57 mortos no mundo inteiro por causa de sua profissão, nove estavam em solo mexicano.
A organização aponta como motivo para as mortes dos jornalistas no México as ações dos cartéis criminosos, sobretudo o "Los Zetas", que impõem "um reino de terror nos estados do nordeste do Golfo do México".
O objetivo dos grupos criminosos é, segundo a RSF, "dissuadir" os jornalistas de "se intrometerem em seus assuntos" e para isso "multiplicam os sequestros e os atos de barbárie".
Apesar dessa perseguição, "as autoridades policiais e judiciais, muito corrompidas, fecham os olhos", quando não contribuem no trabalho de repressão aos jornalistas, já que o relatório revela que os principais responsáveis das agressões a repórteres são agentes policiais.
Mundo
O número total de jornalistas mortos ao redor do mundo é menor do que em 2015, quando 67 morreram. A RSF considera que a queda registrada no número de jornalistas assassinados responde ao fato de que muitos deles abandonaram as zonas de conflito, como Síria, Iraque, Líbia e Iêmen, que se transformaram em "buracos negros de notícias, nos quais reina a impunidade".
A isso se soma, segundo o relatório, o fato de a brutalidade exercida por governos ditatoriais contra jornalistas ter levado os profissionais a se autocensurarem por medo de serem assassinados.
Três quartos dos assassinados tinham sido ameaçados anteriormente por suas atividades jornalísticas, o que prova para a RSF "o fracasso das iniciativas internacionais destinadas à proteção dos jornalistas".
Zonas de conflito
As zonas de conflito continuam sendo o principal cenário de assassinatos de jornalistas, com a Síria à frente, com 19 mortes, seguido de Afeganistão com dez, Iraque com sete, e Iêmen com cinco.
No total, 65% dos assassinatos aconteceram nessas regiões, uma tendência diferente da registrada em 2015, quando vários jornalistas foram assassinados em países em paz, como os da revista satírica francesa Charlie Hebdo.
Em nível internacional, a RSF afirmou que apenas quatro dos jornalistas mortos foram assassinados fora de seu país de origem.
Nos últimos dez anos, 780 jornalistas morreram no exercício de suas funções, com picos importantes em 2007 e 2012 (87).
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