Muros e pontos de ônibus da região central de Cascavel, no Oeste do Paraná, amanheceram com pichações de ódio e preconceito contra os imigrantes haitianos que residem no município. As frases foram escritas ao longo da última semana e recebidas com indignação por parte da população cascavelense. Em protesto, integrantes do movimento União da Juventude Socialista (UJS) fizeram um ato simbólico de limpeza das pichações xenofóbica.
"A gente resolveu agir e tampar essas ofensas fascistas, porque a gente vive numa sociedade democrática e precisa de respeito", conta Stefany Kovalski, uma das jovens que participou da ação em apoio ao povo haitiano.
Registro de uma das pichações xenofóbicas apagadas pelo grupo de jovens
Os casos de xenofobia no Paraná se multiplicam e vão de pichações, injúrias, racismo e até atos violentos. Desde 2014, o Ministério Público do Trabalho no Paraná (MPT-PR) disponibilizou uma página para receber denúncias de violência, discriminação e outras irregularidades trabalhistas contra migrantes no estado.
A migração de haitianos para o Brasil cresceu após o violento terremoto que atingiu o Haiti em 2010.
Dados
Cascavel é o segundo principal destino dos trabalhadores migrantes no estado, com 1.568 estrangeiros. Fica atrás somente de Curitiba, que recebia um total de 4.529 imigrantes em 2015.
Os dados são do levantamento realizado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico Social (Ipardes), com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho.
Os trabalhadores haitianos representam a maior parcela da população estrangeira empregada no Paraná, com 6.989 empregos formais (42%) em 2015.
Em 2015, o Paraná era o terceiro estado com maior número de estrangeiros no mercado de trabalho, atrás de São Paulo (47.023) e Santa Catarina (16.808) - em números absolutos.
O aumento da presença de trabalhadores estrangeiros com carteira assinada no estado cresceu 354% em cinco anos: passou de 3.660 em 2010 para 16.622 em 2015.
Edição Ednubia Ghisi
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